Com a pandemia, os Marketplaces alcançaram um crescimento exponencial, que não demonstra sinais de abrandar. Só na Europa, os mesmos tiveram um crescimento de 37,5%, representando um volume de transações a rondar os 115,4 mil milhões de euros. De forma a analisar e debater esta rápida evolução, a VTEX, plataforma de comércio digital para grandes empresas e retalhistas, organizou o webinar “O Marketplace é o novo Ecommerce” que contou com a moderação de Ana Barros, fundadora e CEO da Martech Digital, e com a participação de Tiago Figueirôa, Ecommerce Director da FNAC, Ricardo Lopes, Chief Marketing Officer do Mercadão, Gaspar d’Orey, Head of Digital da Worten e Thiago Borba, Head of Sales de Portugal da VTEX.
No início da reunião, Ana Barros começou por salientar que "69% dos portugueses vão comprar online em 2025*. Entre 2019 e 2020 o número de comércios aumentou 20%, passando de 39% para 60%, um crescimento bastante significativo. Isto aconteceu por estarmos a viver uma mudança de hábitos de consumo por parte do consumidor. Estes dois últimos anos pandémicos aceleraram esta situação.”
Esta é uma tendência crescente, sendo que os Marketplaces são vistos como uma solução para empresas mais pequenas e com menos recursos para investir em grandes operações de comércio electrónico, indica o estudo “Economia e Sociedade Digital em Portugal 2020” feito pela Associação da Economia Digital (ACEPI) e pela IDC.
Marketplaces: desafios e vantagens
Para os especialistas presentes nesta mesa redonda é claro que um dos principais desafios passa pela logística. “Falemos em métodos de pagamento. É preciso validar os vendedores e fazer com que este ecossistema seja seguro e conveniente para o consumidor”, explica Tiago Figueirôa da FNAC. Um outro desafio é criar o ecossistema: “Para crescer, é preciso ter vendedores para ter produtos e clientes. E é também necessário ter clientes que comprem produtos aos vendedores. Fazer crescer um Marketplace é equilibrar estas duas coisas”, salienta Gaspar d’Orey da Worten.
Já Thiago Borba, da VTEX, explica que o maior desafio passa pela diferenciação e por integrar novas categorias que não sejam o centro daquele Marketplace em específico. Para que seja ultrapassado este problema, continua, é preciso um sistema de integração para criar o mínimo de fricção ao cliente na hora de fazer a compra.
Mesmo com estes desafios, o Marketplace apresenta-se como uma solução interessante: “Uma das vantagens deste tipo de comércio é que traz clientes aos vendedores. O custo de cliente está cada vez mais alto, portanto faz sentido oferecer outros produtos ao mesmo consumidor do que angariar um novo”, explica Thiago Borba. Esta opção pode tornar-se uma alavanca do negócio e pode mesmo passar por uma estratégia de marketing, por parte de quem vende. “É um acelerador de negócio para o logista”, adianta o mesmo.
Do ponto de vista do consumidor também existem várias vantagens, sendo que pode encontrar mais e melhores produtos num sítio que lhe traga credibilidade. “O cliente ganha mais produtos, melhores preços e tudo agregado no mesmo sítio - com a vantagem de ter as melhores opções de entrega. Ganha a omnicalidade”, explica o Head of Digital da Worten. Aliás, todos os oradores concordam que o cliente ganha uma melhor experiência de compra ao escolher os seus produtos dentro desta solução.
As tendências dos Marketplaces
Segundo Borba da VTEX, estas plataformas caminham para dois sentidos: um primeiro focado em segmentos próprios e de nichos e outro que visa perceber as necessidades dos clientes. “Na VTEX, por exemplo, temos o caso da Mazda que criou uma página pensada para o comportamento do cliente na compra de um carro - um sistema de Marketplace de revenda de carros”.
Estas plataformas dirigem-se também no sentido de humanizar a compra. É essencial entender o público e, se nuns casos é essencial automatizar as ferramentas, noutras é preciso humanizar todo o processo de compra. Esta é uma ideia também defendida por Ricardo Lopes, do Mercadão, que acredita que estas plataformas vão afirmar-se como canais de publicidade. “Agora é tudo muito funcional, produto e entrega. É preciso olhar de uma forma mais holística, quase como se fosse uma ida ao shopping”.
Será o Marketplace o novo e-commerce?
Thiago Borba acredita que estas plataformas vão sofrer diversas variações. “O Marketplace deixa de ser uma coisa de grandes retalhistas e pode concentrar a própria plataforma e um site de e-commerce em separado”, conclui.
* Estudo “Economia e Sociedade Digital em Portugal 2020”, realizado pela Associação da Economia Digital (ACEPI) e pela IDC.