O El Corte Inglés vai passar a cobrar uma taxa fixa às marcas presentes nos seus grandes armazéns e que não alcancem objetivos mínimos de negócio.
“Se historicamente o El Corte Inglés usou um modelo de concessão tradicional, em que recebe uma comissão variável das marcas em função das suas vendas líquidas, está a passar para um novo modelo operativo no qual cobra uma taxa mínima aos ‘inquilinos’ que não alcancem objetivos de negócio, o que está a melhorar as margens por metro quadrado”, assegura a agência de notação financeira Moody’s.
A mudança é relevante uma vez que, até agora, o El Corte Inglés partilhava com as marcas o risco das vendas. “O grupo pretende, com esta mudança, assegurar um mínimo de rentabilidade por metro quadrado. Além disso, incentiva as marcas para terem sempre produtos novos e inovadores para impulsionar as vendas”, indica Víctor García Capdevila, analista da Moody’s.
A agência de rating confia que esta nova política não vai significar a perda de clientes para o El Corte Inglés, que é a “referência como escaparate de moda, tem a melhor localização e assegura um tráfego importante. A procura por assegurar um espaço no El Corte Inglés é muito elevada. De facto, há mais procura que espaço disponível”.
Esta nova política de cedência de espaço é um dos aspetos citados pela Moody’s para estimar uma melhoria nas suas margens nos próximos 12 a 18 meses. A agência indica ainda a fusão com os hipermercados Hipercor, operada no ano passado, e que está a melhorar as margens no âmbito da alimentação.
Apesar dos vários planos que, na opinião da Moody’s, permitirão ao El Corte Inglés melhorar a sua rentabilidade, no entanto, continuará “muito abaixo” de outras cadeias de grandes armazéns. “A sua margem/EBITDA foi de 3,9% no último exercício, enquanto que a dos grandes armazéns norte-americanos Macy’s e Kohl’s se situou nos 8% e a da britânica Marks & Spencer foi de 7,7%”.
A Moody’s considera que o El Corte Inglés está bem posicionado para concorrer de forma efetiva com os gigantes do e-commerce, como a Amazon ou a Alibaba, devido à sua infraestrutura eficiente e rede logística que cobre todo o território espanhol e na qual reside a sua principal vantagem competitiva, já que é muito difícil de replicar.