Entre as 31 palavras que definem o ano de 2020, e que estão desde hoje disponíveis no site https://oanoempalavras.pt, são muitas as que se referem diretamente à pandemia – desde assintomático a zaragatoa, passando por confinamento ou quarentena.
Das palavras que estiveram no topo das consultas no Dicionário Priberam, a mais pesquisada de todas elas não deverá causar estranheza: foi, claro, pandemia.
Mas uma só palavra não chega: 2020 foi definido pelos acontecimentos que dominaram a atualidade nacional e internacional de janeiro a dezembro, que determinaram o interesse e as pesquisas dos milhões de utilizadores do Dicionário Priberam e que assim ajudaram a criar um quadro mais claro para compreender o ano.
O site, que pelo quarto ano consecutivo resulta de uma iniciativa da Priberam e da Lusa, apresenta um total de 31 palavras escolhidas a partir das 250 que mais foram pesquisadas ao longo de 2020 pelos utilizadores do Dicionário Priberam.
Tal como nos anos anteriores, o site integra conteúdos dos repórteres fotográficos e jornalistas da agência noticiosa, que dão contexto a cada uma das palavras, e está estruturado por ordem cronológica. Em cada palavra, é possível aceder diretamente ao seu significado no Dicionário Priberam, bem como ao artigo da Lusa sobre o evento que motivou as pesquisas.
“Olhar para a lista de palavras mais consultadas no Dicionário Priberam é, de facto, ver desfiar este ano tão difícil para todos nós, mês a mês. É como um ‘trailer’ de um filme que passa rápido diante dos nossos olhos”, disse a propósito a diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles.
“Neste aspeto, a Lusa é exímia. Em cada palavra adivinha-se uma notícia; mais, está presente uma notícia que a Lusa deu aos portugueses e que integraram o nosso quotidiano em 2020”, acrescentou. “Nenhuma escapou. É um feito conseguido diariamente pela agência”, disse a diretora de Informação da agência noticiosa.
O CEO da Priberam, Carlos Amaral, comentou por seu lado que este “é um projeto que, desde que conta com a colaboração da Lusa, nomeadamente através da qualidade das fotografias e dos textos das notícias, ganhou uma nova dimensão gráfica e um impacto que permitem contextualizar cada história e oferecer uma forma diferente de (re)ver o ano.”
Eis as 31 palavras que definiram o ano de 2020:
Janeiro: arresto (tribunal angolano decreta arresto de bens de Isabel dos Santos); debandada (debandada durante funeral de general iraniano morto em ataque norte-americano causa vários mortos); coronavírus (um novo tipo de coronavírus é identificado na China); apuramento (tribunal guineense ordena repetição do apuramento dos resultados das presidenciais).
Fevereiro: eutanásia (AR aprova despenalização da eutanásia); pandemia (OMS alerta para eventual pandemia da covid-19).
Março: quarentena (quarentena geográfica para conter a pandemia); confinamento (estado de emergência para conter pandemia prevê confinamento); zaragatoa (testes à covid-19 com recurso a zaragatoa).
Abril: escusa (juiz do processo de Rui Pinto pede escusa); telescola (telescola permite aulas de apoio através da TV); liberdade (pandemia cancela a marcha das comemorações do 25 de Abril); rebuço (PM diz não ter rebuço em retroceder no levantamento de restrições impostas pela pandemia).
Maio: calamidade (Portugal passa à situação de calamidade); diligência (ministra da Justiça fala sobre a retoma da atividade dos tribunais).
Junho: antirracismo (Amnistia Internacional denuncia violações dos direitos humanos durante protestos contra o racismo nos EUA); politização (OMS aponta a politização da pandemia como fator de divisão a evitar).
Julho: frugais (países conhecidos por “frugais” colocam entraves às negociações do orçamento europeu); perseverança (EUA lançam robô “Perseverance” para recolha de amostras em Marte).
Agosto: catenária (acidente ferroviário causa dois mortos e vários feridos); dobradinha (FCP conquista a Taça de Portugal de futebol após vencer o campeonato); femicídio (vinte mulheres assassinadas desde o início do ano em Portugal).
Setembro: recrudescimento (ministra da Saúde diz que Portugal está preparado para um eventual recrudescimento da covid-19); cristofobia (presidente do Brasil discursa na ONU e apela ao combate à cristofobia).
Outubro: assintomático (Cristiano Ronaldo, apesar de assintomático, testa positivo à covid-19); disrupção (Ordem dos Médicos diz que o SNS está novamente exposto a uma “disrupção grave”); placebo (morte de voluntário, no Brasil, que tomou um placebo em teste da vacina).
Novembro: levante (Governo impõe novas medidas de combate à pandemia, mas deixa ao critério dos municípios a realização de feiras e mercados de levante); letalidade (preocupação com o aumento da letalidade da covid-19).
Dezembro: pedonal (atropelamento em zona pedonal na Alemanha); ensaísta (morte do ensaísta Eduardo Lourenço).
Outras palavras que se encontram entre as mais pesquisadas em 2020 no Dicionário Priberam estão também relacionadas, direta ou indiretamente, com a pandemia da covid-19: açambarcamento, comorbidade, corona, disseminação, epidemia, isolamento, mitigação, moratória, profilático, subnotificação, teletrabalho ou até mesmo gripezinha (a propósito de um comentário do presidente brasileiro sobre a doença).
Buscas como negro, preto, racismo e xenofobia chegaram também à “nuvem” de termos mais pesquisados no Dicionário Priberam, na sequência de vários casos mediáticos nacionais e internacionais, como os insultos aos futebolistas Moussa Marega e Pierre Webó, as mortes de George Floyd nos EUA, de Bruno Candé em Portugal ou de João Alberto Freitas no Brasil.
Outras buscas que se destacaram em 2020 incluem ainda desinformação (UE pede à Google e ao Twitter medidas mais robustas contra a desinformação), emérito (rei emérito Juan Carlos sai de Espanha e papa emérito Bento XVI está gravemente doente), legado (135º aniversário do nascimento de Aristides Sousa Mendes), proselitismo (manifesto contra as aulas de cidadania), renhido (resultado das eleições presidenciais norte-americanas), algeroz e orgia (eurodeputado ultraconservador é apanhado em orgia ilegal em Bruxelas) ou gambito (série da Netflix).
Novos recordes de pesquisa
O ano de 2020 registou um aumento muito significativo do número de pesquisas no Dicionário Priberam, subindo para 45 milhões de utilizadores (mais 7 milhões do que no ano anterior), os quais geraram um número de pesquisas que é quase o dobro do registado em 2019: de cerca de 133 milhões passou-se para 261 milhões.
Este foi também o ano em que o site do Dicionário Priberam passou a integrar o ranking netAudience, uma lista mantida pela Marktest e que regista os websites portugueses mais visitados em cada mês: o Dicionário Priberam surgiu em maio como líder nas consultas realizadas a partir de computadores, tendo sido o único a ultrapassar a barreira do milhão de utilizadores.
Nesse mês, a Priberam surgiu na 17.ª posição como o único site auditado pela Marktest no top 20 fora da categoria dos sites de informação – todos os restantes pertencem a organizações de média, incluindo canais de televisão, rádio, jornais e revistas.