Conclusões da Conferência Web da GfK- 83% dos consumidores mudaram o seu comportamento de consumo por causa da COVID-19
É inegável que a COVID-19 transformou a realidade de todas as áreas provocando mudanças nos hábitos dos consumidores e, até, nas tendências futuras do retalho. A GfK analisou os dados de negócio no mercado global de bens tecnológicos numa Conferência Web e as conclusões podem ser resumidas em duas palavras: “novo normal”.
83% dos consumidores mudaram o seu comportamento de consumo por causa da COVID-19. Esta é a premissa inicial que sustenta as reflexões de António Salvador, Carlos Figueiredo e Rui Reis sobre as categorias dos Grandes e Pequenos Eletrodomésticos, as Telecomunicações, a Informática, a Eletrónica de Consumo e qual o impacto de todas estas mudanças no consumidor.
Grandes e Pequenos Eletrodomésticos
Os Grandes Eletrodomésticos tiveram, no cômputo geral dos três meses de confinamento, uma performance mais negativa, enquanto que os Pequenos Eletrodomésticos, impulsionados pelas Máquinas de Café e equipamentos de Tratamento de Ar, apresentaram um bom desempenho. Março foi o pior mês para a categoria, sendo que abril já apresenta uma melhor tendência no total e em Pequenos Eletrodomésticos face a março.
Como seria de esperar, as vendas online ganharam força durante o período de isolamento social com crescimentos extraordinários que aumentam o seu peso no mercado. A estratégia do online é uma das considerações mais expressivas da Conferência Web da GfK que afirma que a retoma vai passar por uma maior necessidade de alternativas às lojas físicas, sendo que o consumidor está mais apreensivo em sair de casa.
Eletrónica de Consumo, Telecomunicações e Informática
A Eletrónica de Consumo sofreu uma quebra de vendas de março a abril, em comparação com o período homólogo de 2019. Essa quebra é acentuada, sobretudo a partir da semana em que é declarado o Estado de Emergência em Portugal. Há uma recuperação de vendas, a partir da semana em que se inicia a telescola ao nível da venda de Televisores.
Já na categoria das Telecomunicações, até ao início de março, verifica-se uma queda ligeira nas vendas em unidades, mas na semana seguinte essa queda atinge os 54%, sendo que as vendas online apenas reagem na semana a seguir. Com o levantamento do Estado de Emergência e a abertura de mais lojas, em abril, as vendas online crescem a um ritmo mais baixo do que o registado nas semanas anteriores.
As vendas de Informática, pelo contrário, saem beneficiadas na quarentena com um crescimento acentuado face ao período homólogo de 2019. Esta categoria em específico é beneficiada, sobretudo, pelo teletrabalho e pela telescola que dá oportunidade ao consumidor de adquirir produtos necessários ao seu dia-a-dia como Computadores, Impressoras Multifuncionais, Monitores, Ratos ou Webcams.
A pandemia veio potenciar o aumento das compras online mas, por outro lado, resultou numa queda acentuada nas vendas, fruto de um grande número de lojas físicas a encerrar.
A GfK prevê que o “novo normal” viverá com foco no que é essencial, no que está em casa e com os negócios a operar como sempre, mas com ligeiras alterações focadas na digitalização, ao potenciar serviços como o e-commerce e os pagamentos digitais.
Impacto no consumidor
Além das conclusões do mercado global de bens tecnológicos, a Conferência Web da GfK apresentou também um estudo feito acerca das perceções e comportamento do consumidor face à crise da COVID-19 em áreas como a saúde, entretenimento, deslocações, viagens, emprego e até informação.
De entre as 1044 entrevistas conduzidas, no top3 das preocupações está a saúde do próprio e dos mais próximos, a economia do lar e do país e, logo a seguir, o desemprego. Cerca de metade dos inquiridos prevê que a pandemia dure mais de 4 meses.
Na ótica das mudanças de vida, destaca-se o passar mais tempo em casa – que aumentou durante o isolamento social – bem como o tempo que se passa com a família e a fazer atividades de lazer. Dentro de casa, no top3 do entretenimento encontra-se a atividade de ver os noticiários, logo a seguir o navegar na internet e, depois, a limpeza da casa.
A forma do consumidor se deslocar também se alterou. Mais de metade dos inquiridos reduziu o uso do carro/mota. O uso de transportes públicos e os aviões também viram reduzidos os seus passageiros, fruto das restrições de circulação. Mesmo a pé, os consumidores reduziram as suas deslocações.
Já o comportamento de consumo de produtos essenciais continua a ser maioritariamente feito em lojas físicas (76%), com a compra de alimentos não perecíveis a dominar as preferências dos inquiridos.
No caso dos planos para viagens de verão, cerca de um terço dos inquiridos tem planos para viajar e cerca de metade está a pensar alterá-los. Os inquiridos revelam-se muito prudentes, querendo sobretudo ficar por perto, viajar de carro e ir para locais com pouca gente, sendo que a maioria afirma que está à espera que tudo fique mais calmo para poder tomar decisões concretas.
No que diz respeito às empresas, a maioria dos inquiridos não concorda que as empresas possam tirar benefícios ou aumentar preços durante este período de pandemia e concordam com o facto das empresas que permanecem abertas estarem a prestar um importante serviço à população, embora também concordem que estão a colocar os seus funcionários em risco.
Na opinião dos inquiridos perante a imagem sobre o empenho das instituições, os profissionais de saúde são os que estão a fazer os maiores esforços para ajudar o povo português, juntamente com as forças de segurança e os técnicos de lojas que vendem produtos de primeira necessidade. Já os que poderiam fazer mais para ajudar são claramente, na ótica dos entrevistados, a União Europeia, as grandes empresas e os bancos.
Por último, está a confiança do consumidor nas fontes de informação. A quase totalidade da amostra afirma estar bem informada (36%) ou algo informada sobre a COVID-19 (58%). A informação mais confiável e credível advém da televisão, o meio privilegiado, e de especialistas e das fontes oficiais especializadas como a OMS e a DGS.