O país poderá levar, na melhor das hipóteses, dois anos a recuperar da destruição da economia, causada pela pandemia de Covid-19, em 2020. As previsões são do Banco de Portugal, que avisa que a economia nacional poderá mergulhar, este ano, na pior recessão alguma vez registada. O turismo será das atividades mais afetadas e os pequenos negócios os mais penalizados.
O Banco de Portugal traçou dois cenários. O de base é menos destrutivo, mas existe outro, descrito como adverso. Em qualquer um deles, a economia portuguesa arrisca uma grave recessão, com uma quebra que pode ir dos 3,7% aos 5,7%. Em ambos os cenários, o nível de desemprego deverá regressar para valores acima dos 10% . “A pandemia corresponde a um choque económico adverso com efeitos muito significativos e potencialmente prolongados no tempo, em termos do bem-estar dos cidadãos e da atividade das empresas”, pode ler-se no boletim divulgado pelo banco governado por Carlos Costa.
Os economistas avisam ainda que mesmos estes dois não estão garantidos. “A incerteza exacerbada e a complexidade que caracterizam este exercício de projeção implicam que não seja possível apresentar um cenário mais provável para a evolução da economia portuguesa.”
As projeções já integram os efeitos de algumas medidas públicas de suporte e de defesa da economia. No cenário-base, em que as ajudas e os apoios públicos têm um efeito quase imediato no tecido económico e no mercado laboral, a economia afunda 3,7% em termos reais. Antes deste boletim, projetava-se um crescimento de 1,7%. O emprego recua 3,8%, o consumo das famílias 2,8%, o investimento 10,8%, as exportações mais de 12% e as importações quase 12%.
No cenário mais adverso, a paralisação da atividade é mais prolongada, o que levará “a maior destruição de capital e perda de emprego”, e traduz-se numa contração de 5,7%. O emprego cai 5,2%, o consumo privado 4,8%, o investimento 14,9%, as exportações 19,1% e as importações 18,7%.