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Covid-19 terá impacto de 1 ponto percentual no PIB da China
2020-03-05

O Covid-19, nome oficial atribuído ao coronavírus, terá um impacto de um ponto percentual (1 p.p.) no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China, sobretudo no primeiro trimestre do ano, e afetará o crescimento mundial, estima a Euler Hermes, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos.

De acordo com o estudo “Coronavirus outbreak in China: Risks of supply chain disruption increase with time”, o mais provável é que o país consiga recuperar e no espaço de um a dois trimestres, mas ajudado por políticas de apoio à produção. Além do impacto direto da epidemia, as medidas de contenção sem precedentes adotadas pelas autoridades chinesas terão uma influência bastante expressiva na atividade económica.

Por agora, os analistas da líder mundial em seguro de créditos apontam para uma descida de um ponto percentual no PIB do país durante o primeiro trimestre do ano, mas não excluem uma subida deste número. O balanço final do surto, lê-se, vai depender da sua gravidade e duração. O estudo sublinha que a procura e a oferta estão sob pressão. A epidemia e o fator medo associado ao Covid-19 vão pesar nos gastos dos consumidores e os feriados relacionados com o Ano Novo Chinês terão impacto na produção.

Um abrandamento do consumo interno é hoje muito mais relevante do que na anterior grande epidemia deste tipo, o SARS (Síndrome Respiratório Agudo Severo): a economia chinesa é agora mais dependente do seu mercado interno (50% do crescimento do PIB em 2019 versus 28% em 2003). O surto de 2003 teve um impacto de -2 p.p. entre o primeiro e o segundo trimestre desse ano no PIB do país (+9,1% no segundo trimestre, face a +11,1% no primeiro trimestre).

Sector automóvel, têxtil e eletrónico entre os mais afetados

Uma pausa prolongada na atividade industrial chinesa pode afetar muito significativamente algumas cadeias de fornecimento, como as de produtos químicos, equipamentos de transporte, têxteis e equipamentos eletrónicos. No caso da província de Hubei (o epicentro deste surto), que representa 9% da produção total de veículos automóveis na China, o elevado grau de ligação entre esta indústria e os restantes sectores da economia leva a que o impacto da epidemia se estenda à maioria das atividades industriais.

Uma vez que existe também um elevado grau de integração entre a economia da China e as cadeias globais de fornecimento, é provável que as consequências económicas da epidemia se sintam fora do país. Os sectores têxtil e de computadores e eletrónica estão particularmente expostos a estas perturbações, dado que o valor gerado pela China para esses sectores representa 19% e 17% da produção global, respetivamente. Considerando o nível relativamente baixo de stocks no sector eletrónico, é possível que se verifique uma situação de escassez.

O estudo enumera ainda as economias mais vulneráveis à situação na China: Taiwan, Coreia do Sul, Holanda, Hungria e Indonésia.


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L.Branca/PAE

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