“Localização, localização e localização. Mas, acima de tudo, importa a qualidade do tráfego, não tanto a quantidade”. Esta foi a receita dada por Yves Carcelle, chairman e CEO da Louis Vuitton de 1989 a 2012 na sua “keynote” no primeiro dia do World Retail Congress 2013. Uma receita válida para os vários segmentos de retalho, mas que é particularmente apropriada para os operadores de luxo. “As áreas de elevado tráfego nem sempre são a melhor localização para o retalho”, sustentou.
Tal como Georges Plassat tinha referido da parte da manhã, Yves Carcelle confirmou que a abordagem “one shop fits all” não faz sentido. E se não é razoável no caso de um operador “mass market” como aquela que é liderado por Georges Plassat, o Carrefour, muito menos o será para uma marca de luxo: “as marcas têm de fazer parte da transformação das áreas onde escolhem implantar-se”, defendeu o antigo gestor da Louis Vuitton. Yves Carcelle deu o exemplo da cidade de Praga, onde em plena época do comunismo o retalhista de luxo abriu uma loja numa rua que é hoje o local de excelência do retalho de luxo daquela cidade. Mesmo em Paris, a Louis Vuitton apostou na década de 90 numa loja na avenida dos Campos Elíseos, o que atraiu outros retalhistas de luxo para a principal avenida parisiense. “De Parishka em Praga ao Soho em Nova Iorque, o luxo sempre foi um agente transformador das ruas e cidades”.
Se é incontestável o papel do retalho de luxo na reorganização urbana, também é, na opinião de Yves Carcelle, as suas perspectivas de futuro. Para o antigo CEO da Louis Vuitton, estes operadores têm viabilidade e continuarão a crescer mas desde que sejam inovadores e criativos, não se limitando a copiar o que as outras empresas fazem. Caso contrário, estas marcas arriscam-se a tornarem-se superficiais e aborrecidas.
Yves Carcelle foi um dos "keynote speakers" do primeiro dia do World Retail Congress. A Revismarket continua em Paris para lhe trazer mais tendências do retalho mundial avançadas neste segundo dia do evento.