Segundo os indicadores de Conjuntura do Banco de Portugal de Julho de 2006, a actividade económica em Portugal recupera na procura interna, nas exportações e no volume de negócio no comércio a retalho. A construção, a indústria transformadora e a inflação apresentam comportamentos menos positivos.
De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro trimestre de 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) registou um crescimento real de um por cento, em termos homólogos (0,8 por cento no quarto trimestre de 2005).
A procura interna registou uma ligeira recuperação, passando de –0,2 por cento no quarto trimestre de 2005 para –0,1 por cento no primeiro trimestre de 2006, reflectindo uma evolução menos negativa no investimento, mas observando-se, em contrapartida, um abrandamento nas despesas de consumo final das famílias e das administrações públicas.
O acréscimo mais acentuado das exportações, cujo crescimento homólogo passou de 2,4 por cento no último trimestre do ano passado para 7,2 por cento no primeiro trimestre de 2006, compensou a aceleração das importações (de –0,6 por cento para três por cento), tendo a procura externa líquida mantido um contributo para a variação homóloga do PIB positivo e idêntico ao do trimestre anterior (um ponto percentual). De acordo com o INE, a evolução observada nos valores do Comércio Externo poderá ter sido influenciada por um maior número de dias úteis no primeiro trimestre de 2006, face a igual período do ano anterior.
Indicador de confiança estabiliza
No período de três meses terminado em Maio, o indicador de confiança dos consumidores, divulgado pela Comissão Europeia, estabilizou face ao registado no primeiro trimestre.
O índice de volume de negócios no comércio a retalho, divulgado pelo INE, apresentou uma ligeira aceleração em termos nominais, relativamente ao primeiro trimestre de 2006.
A informação disponível para a FBCF em construção aponta para um comportamento mais desfavorável deste agregado no segundo trimestre do ano. No trimestre terminado em Maio, as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno diminuíram 4,7 por cento, em termos homólogos, após uma variação de –0,2 por cento no primeiro trimestre. No mesmo período, de acordo com o indicador de confiança calculado pela Comissão Europeia, a confiança dos empresários no sector da construção diminuiu face ao primeiro trimestre de 2006.
De acordo com o Inquérito de Opinião da Comissão Europeia, a confiança na indústria transformadora diminuiu ligeiramente em relação ao primeiro trimestre do ano. Por sua vez, no período de três meses terminado em Abril, o índice de produção na indústria transformadora desacelerou, em termos homólogos, para 0,1 por cento (após 1,9 por cento no primeiro trimestre de 2006 e 1,2 por cento no quarto trimestre de 2005). No mesmo período, o índice de volume de negócios na indústria transformadora apresentou uma variação de 4.3 por cento, em termos homólogos, o que compara com um aumento de 6,4 por cento nos primeiros três meses do ano e 1,1 por cento no último trimestre do ano anterior.
No sector dos serviços, no período de três meses trimestre terminado em Maio, o indicador de confiança, divulgado pela Comissão Europeia apresentou uma ligeira melhoria face ao observado no primeiro trimestre do ano. No período de três meses terminado em Abril, o índice de volume de negócios nos serviços apresentou uma variação homóloga de –2,5 por cento após –0,8 por cento no primeiro trimestre de 2006.
Inflação aumentou
Em Maio, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou 0,1 pontos percentuais para três por cento. A taxa de variação em cadeia foi de 0,5 por cento (0,4 por cento no mês homólogo do ano anterior. A taxa de variação média anual do IPC situou- se em 2,6 por cento, 0,1 pontos percentuais acima do valor observado em Abril.
O aumento da taxa de variação homóloga do IPC em Maio resultou da aceleração dos preços dos bens, de 2,7 para 2,8 por cento, uma vez que os preços dos serviços desaceleraram, de 3,3 para 3,1 por cento. A evolução da componente bens resultou do comportamento dos preços dos bens alimentares, cuja variação homóloga aumentou de 2,9 por cento em Abril para 3,5 por cento em Maio, reflectindo uma aceleração nos preços dos bens alimentares não transformados.
Em Maio, a taxa de variação homóloga do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) manteve- se em 2,9 por cento. A taxa de variação média anual deste índice aumentou 0,1 pontos percentuais para 2,5 por cento.
Taxa de desemprego aumentou
Segundo os dados do Inquérito ao Emprego do INE, a taxa de desemprego situou- se em 7,7 por cento no primeiro trimestre de 2006, o que compara com oito por cento no trimestre anterior e 7,5 por cento no trimestre homólogo de 2005. O número de desempregados aumentou 4,1 por cento no primeiro trimestre de 2006, em termos homólogos, o que resultou sobretudo do aumento do desemprego feminino, cuja variação homóloga foi de 7,2 por cento, contra 0,7 por cento no desemprego masculino.
Segundo o Boletim Mensal da Direcção- Geral do Orçamento de Maio, a receita fiscal do Estado registou um crescimento homólogo de 7,5 por cento nos primeiros cinco meses do ano, acelerando face ao observado até Abril (5,7 %). Esta taxa de crescimento decorreu do aumento da receita dos impostos directos (8%) e dos impostos indirectos (7,2 %). Relativamente aos primeiros, é de destacar o crescimento em 20,8 por cento da cobrança do IRC, a qual inclui as auto-liquidações do imposto referentes ao ano anterior, efectuadas durante o mês de Maio. A receita do IRS teve uma variação de 2,2 por cento, estando negativamente influenciada por um maior volume de reembolsos e por acertos relativos a anos anteriores na colecta do imposto que cabe às Regiões Autónomas. No que se refere aos impostos indirectos, mantém-se o crescimento forte da receita do IVA (12,3 %), cuja evolução, durante a primeira metade do ano, continua a reflectir a subida da taxa normal de 19 para 21 por cento, que entrou em vigor em meados de 2005. Relativamente aos outros impostos indirectos, é de destacar a variação reduzida da cobrança do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (1,4%) e do Imposto Automóvel (1,6 %), e a queda substancial da receita do Imposto sobre o Tabaco (26,3%).
A despesa corrente primária do Estado apresentou um aumento de nove por cento até Maio, idêntico ao observado nos primeiros quatro meses do ano. Este crescimento acentuado decorreu sobretudo da evolução das transferências correntes para outros subsectores das administrações públicas.
Fonte: Banco de Portugal - Indicadores de Conjuntura de Julho de 2006