A divulgação de recolhas de produtos tem vindo a colocar na ordem do dia a segurança e qualidade dos produtos, bem como o respeito pelos padrões ambientais. Segundo o novo estudo anual “Innovation in Emerging Markets” do Global Manufacturing Industry Group da Deloitte, os administradores, gestores e investidores de empresas de todo o mundo e todos os sectores de actividade estão alerta.
Cerca de dois terços ou mais dos executivos dos mercados desenvolvidos e dos mercados em vias de desenvolvimento incluídos no estudo da Deloitte afirmaram que, nos últimos doze meses, estas questões se tornaram mais importantes sempre que as empresas escolhem fornecedores dos mercados emergentes. Os fabricantes estão, por isso, a recorrer a medidas adicionais tendo em vista os riscos.
O estudo da Deloitte, que recolheu as opiniões de mais de 650 executivos de empresas de todo o mundo analisa a forma como os fabricantes dos mercados desenvolvidos e em vias de desenvolvimento encaram o risco inerente ao sourcing nos mercados emergentes e também a forma como as empresas de maior sucesso gerem este risco e o transformam numa vantagem competitiva.
O sourcing nos mercados emergentes tem vindo a aumentar. Quase três quartos dos executivos dos mercados desenvolvidos incluídos no estudo da Deloitte afirmam ter reforçado o recurso ao sourcing nos mercados emergentes nos últimos três anos, com quase 50 por cento a considerar que esse aumento tem sido significativo. Quanto aos países que mais procuram para fornecimentos de componentes e peças, 66 por cento mencionaram a China e 36 por cento o México e a América Central. A Europa Central ou de Leste, a Índia e o Sudeste Asiático foram, cada um, mencionados por um quarto ou menos.
Mais de um terço dos executivos dos mercados desenvolvidos inquiridos pela Deloitte consideram que as suas empresas têm tido muito êxito com o sourcing nos mercados emergentes. Essas empresas parecem mais aptas a enfrentar os riscos envolvidos. Os seus administradores e gestores conhecem melhor os problemas de segurança e qualidade e as empresas trabalham mais de perto com os fornecedores, o que lhes permite inspeccionar as instalações dos fornecedores com maior frequência.
“O estudo da Deloitte concluiu que os executivos dos mercados desenvolvidos e em vias de desenvolvimento prevêem uma maior exigência de padrões mais elevados e de transparência”, refere Luís Belo, responsável pela indústria de Manufacturing em Portugal. “Para além da adopção de padrões e testes mais elevados, muitos dos inquiridos referiram a necessidade de dotar os clientes com mais informações sobre o sourcing para atenuar os receios com a segurança, qualidade e as normas ambientais.”
41 por cento dos executivos dos mercados desenvolvidos consideraram provável um aumento dos custos, uma vez que as empresas têm de cumprir padrões mais rigorosos. Essa percentagem foi mais elevada entre os executivos dos mercados emergentes, 59 por cento dos quais julgam ser muito provável que os custos operacionais aumentem.
Os benefícios podem ir além dos preços e incluir o crescimento da quota de mercado e o reforço das marcas para as empresas dos mercados desenvolvidos. Os fornecedores dos mercados emergentes também podem recolher benefícios. O cumprimento de padrões mais elevados pode também tornar mais fácil atrair e manter clientes de dimensão global, sobretudo quando esses padrões contrastam com os problemas que a concorrência enfrenta nos mercados locais e nos mercados emergentes concorrentes.
“Para ter sucesso, é importante não só encontrar os fornecedores certos que estejam dispostos a cumprir padrões rigorosos, e sejam capazes de o fazer, mas também acarinhar essas relações”, salienta Luís Belo. “Quando escolhem fornecedores nos mercados emergentes, as empresas de sucesso vão para além de aspectos básicos como a qualidade, os custos e a fiabilidade, dando muito mais importância à reputação do fornecedor.”