Fraqueza da auto-regulação nas relações distribuição/produção potencia intervenção excessiva do Estado
A fraca auto-regulação no domínio das relações entre a distribuição e a produção abre a porta a uma intervenção excessiva do Estado. Esta foi uma das conclusões retiradas do debate sobre "Ética negocial, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Corporativa", realizado ontem à tarde, dia 5 de Novembro, no Hotel Penha Longa, em Sintra, no âmbito do 6.º Seminário de Reflexão Estratégica, promovido pela Centromarca.
José Roquette, presidente da Herdade do Esporão, Eduardo Igrejas, presidente do grupo Auchan, e Luís Pais Antunes, primeiro presidente do Código de Boas Práticas CIP/APED, abordaram a temática da ética nos negócios e a sua importância como vantagem competitiva na economia actual.
Para Luís Pais Antunes, um dos aspectos mais visíveis da falta de afirmação de auto-regulação das empresas é a actual lei do licenciamento comercial. "A ética negocial do ponto de vista como é encarada faz lembrar a discussão sobre o 'fair play' no futebol. As novas regras dizem que é o árbitro que tem a responsabilidade de apitar e parar o jogo quando o jogador se lesiona e a situação não é diferente a nível empresarial. A falência da auto-regulação leva a que o Estado tenha de intervir e resolver os assuntos".
Para os intervenientes no debate, um projecto de responsabilidade social corporativa só vinga se o "top management" da empresa estiver imbuído desse espírito. "Implementar um projecto de responsabilidade social sem a cumplicidade do presidente e do director geral é muito difícil", notava Eduardo Igrejas. Outra das conclusões retiradas é que não se deve esperar um retorno rápido. "Não fazemos isto na Auchan para ter um aumento das vendas na semana, mês ou ano seguinte. Trata-se de um investimento, não um plano de marketing".
Não obstante, a opinião geral é que tais projectos valem a pena e que os clientes os reconhecem. "Hoje, é indiscutível que os mercados e os consumidores valorizam uma componente ética e cada vez mais a esperam, tanto das empresas de referência como as localizadas em universos empresariais mais reduzidos", sublinhava José Roquette.
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