Em 2021, 16% das empresas portuguesas sofreram incumprimentos significativos, apesar da dimensão das injeções de liquidez e dos estímulos fiscais que o tecido empresarial nacional recebeu para mitigar os efeitos económicos da COVID-19. Este é um dos dados mais relevantes do inquérito de primavera do Estudo de Gestão de Risco de Crédito em Portugal, impulsionado pela Crédito y Caución e pela Iberinform, no qual participaram os gestores de mais de 300 empresas de todas as dimensões e setores.
O impacto do contexto económico no risco de crédito da carteira de clientes é sentido por 86% das empresas portuguesas. Neste cenário, coloca-se a questão de saber qual o principal evento que está a deteriorar os níveis de solvência dos clientes. A lista é encabeçada pelo assinalável aumento dos preços da energia (destacado por 21% das empresas), seguido pela escalada da inflação (19% das empresas). Por outras palavras, a evolução dos preços dos insumos, que as empresas não repercutem de forma direta nos seus preços finais, mas que repercutem nas suas margens, é o principal fator desestabilizador do risco de crédito neste momento. O terceiro evento mais relevante são os problemas na cadeia de fornecimento (destacado por 18% das empresas). A menção genérica da COVID-19 (13%) ocupa já um discreto quarto lugar, enquanto as tensões geopolíticas (assinalada por 10% das empresas) e a evolução dos custos financeiros (6%) têm uma presença menos significativa.
Apesar do cenário de deterioração do risco de crédito confirmado por este estudo, apenas 16% do tecido produtivo registou uma diminuição das suas vendas, face a 70% que observou algum tipo de crescimento. O tecido produtivo mostra confiança em poder manter esta dinâmica em 2022. Destaca-se pela positiva que 64% das empresas espera que os seus níveis de faturação continuem a crescer, face a uns exíguos 10% que esperam que este exercício seja pior que o anterior em termos de receitas.