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Empresas portuguesas ligadas à Construção, Imobiliário e Serviços de Utilidade Pública são as mais resilientes
2021-11-09

As empresas não-financeiras portuguesas revelam uma capacidade de resiliência razoável, face à forte recessão ocorrida em 2020, primeiro ano de impacto da pandemia na economia mundial, revela o Panorama Empresarial 2018-2020 divulgado pela Iberinform, empresa de análise de mercados da Crédito y Caución.

Apesar da quebra acentuada de 15,8% no volume de negócios e da taxa de margem de segurança económica das empresas ter baixado de 6,6% em 2019 para 1,7%, a rendibilidade económica bruta manteve-se elevada (10,6%), com uma ligeira redução (-0,2%), enquanto o risco financeiro diminuiu.

O estudo divulgado pela Iberinform indica que a autonomia financeira das empresas não-financeiras nacionais passou de 39,3% em 2019 para 41,7% em 2020, aumentando a reserva financeira estratégica, enquanto o peso do capital alheio remunerado baixou de 32,8% em 2019, para 31,7% em 2020, com o peso dos juros e outros custos de financiamento a aumentarem, embora para um nível ainda baixo.

A geração de caixa a partir dos negócios também aumentou de 15,9% em 2019 para 16,4% em 2020, enquanto a caixa e os seus equivalentes (cash flow) tiveram um incremento de 16%, o que permitiu atenuar a quebra da margem de segurança económica e também financeira. O tempo de paralisação crítico de rutura de tesouraria das empresas passou de 2,14 meses para 2,05 meses (-4%).

A resiliência relativa das empresas não-financeiras manifesta-se também num Valor Económico Acrescentado (EVA) diminuído, embora ainda positivo (0,3% do volume de negócios), com a diminuição dos Fluxos de Valor dos Negócios líquidos de impostos de -17% a serem suavizados pela diminuição do Custo Total dos Capitais Remunerados de -7,5%. O custo dos capitais alheios remunerados estabilizou em 3,6%.

Em termos de Risco de Tesouraria, o Panorama Empresarial 2018-2020 da Iberinform sinaliza o aumento das perdas por imparidade de dívidas de clientes, para 9,3% do total das dívidas brutas, e o forte aumento do crédito de fornecedores que passou de 49,4% em 2019 para 61,9% em 2020. Contudo, o prazo médio de pagamentos a fornecedores manteve-se estável em 69 dias (em 2029 era de 67 dias).

“Em 2020, por comparação com 2019, as empresas não-financeiras nacionais manifestaram um Risco Estratégico e um Risco Económico mais elevados, reduziram o seu Risco Financeiro e mantiveram o seu nível de Risco de Tesouraria, com uma resultante menos favorável na relação Valor e Rendibilidade versus Risco, mas com um nível de resiliência razoável, a ser testado em 2021, com sinais favoráveis de superação das fortes condicionantes existentes.”, sintetiza António Monteiro, CEO da Iberinform.

Construção, Imobiliário e Serviços de Utilidade Pública são os mais resilientes

A desagregação por atividade económica revela que os melhores indicadores de resiliência - variação do volume de negócios, taxa de margem de segurança económica e tempo de paralisação crítico de rutura de tesouraria – encontram-se nos setores da Construção, Imobiliário e os Serviços de Utilidade Pública, Energia, Água e Ambiente.

O setor da Construção manteve sempre a continuidade da sua atividade, com carteiras de obras nos mercados internos e externos, apesar das limitações de fornecimento de materiais, apresentando boas perspetivas presentes e futuras. A atividade Imobiliária, por sua vez, continua o seu processo de valorização, depois de um grande desfasamento em relação a outros países europeus.

Com piores indicadores de resiliência destacam-se as atividades ligadas ao Turismo, fortemente afetadas pela pandemia, em especial o Alojamento e Restauração e Transporte Aéreo de Passageiros. As atividades de Alojamento, Restauração apresentam uma variação de -40,8% no seu volume de negócios, com uma taxa de margem de segurança económica de -39,3% (este indicador era de 9,6% em 2019). Também as atividades culturais apresentam indicadores de resiliência negativos: variação de -42% no volume de negócios e de -26,5% na taxa de margem de segurança económica.

Os indicadores calculados de acordo com a metodologia Iberinform têm por base os agregados extraídos das Demonstrações Financeiras e os seus anexos de empresas não-financeiras, declaradas, com Certificações Legais de Contas (CLC) e auditorias realizadas ao longo dos períodos contabilísticos.


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L.Branca/PAE

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