A Mastercard anunciou o seu compromisso de trazer o cartão True Name para a Europa, em 2020, depois de o ter lançado nos Estados Unidos da América, permitindo que as pessoas reflitam sua identidade preferida nos seus cartões de pagamento.
Para muitas pessoas em todo o mundo, a identidade impressa nos seus cartões não reflete realmente quem são. Para a comunidade LBGTQ+, em particular, o nome no cartão pode ser um tema sensível e, até, de algum embaraço. Além disso, a opção de mudar o nome no cartão pode ser uma tarefa burocrática e jurídica árdua.
Com o True Name, a Mastercard quer dar às pessoas, que o assim o entenderem, a possibilidade de mudarem o nome no seu cartão e dar-lhes uma nova e melhor experiência de compra.
Na Europa
Após o lançamento bem sucedido nos Estados Unidos, em 2019, a Mastercard vai, agora, disponibilizar o cartão True Name na Europa, para o maior número possível de países, até ao final do ano, e espera que a indústria apoie esta iniciativa e crie mais pontes com a comunidade LBGTQ+.
Mark Barnett, presidente da Mastercard para a Europa, sublinha que “os nossos nomes definem-nos e, para milhões de pessoas da comunidade LGBTQ+, o cartão de pagamento que têm atualmente não permite que assumam a sua verdadeira personalidade. Enquanto aliados da comunidade LGBTQ+, temos a oportunidade de alavancar mudanças reais e significativas que ajudarão a resolver e aliviar este problema. Pedimos, por isso, aos nossos parceiros que se juntem a nós para tornar possível a implementação do cartão True Name em todos os países da Europa, para que possamos ajudar a facilitar a jornada de compra da comunidade LBGTQ+, que poderá, assim, usar sua verdadeira identidade com segurança, simplicidade e orgulho”.
True Name
O True Name da Mastercard não possui requisitos de conformidade incrementais acima dos programas típicos de cartão de crédito e tem um processo de implementação simplificado. A acessibilidade e capacitação são de vital importância para estas comunidades. Quase um terço (32%) dos indivíduos que apresentaram um cartão com um nome ou sexo que não correspondiam à sua apresentação relataram experiências negativas, como assédio, negação de serviços e/ou ataque.
Como tal, muitos indivíduos LGBTQ+ optam por renunciar ao custo, complexidade e ansiedade associados às mudanças de nome e de género nos seus cartões. Trata-se de uma fonte de discriminação associada aos cartões e mecanismos de pagamento.
Clémence Zamora-Cruz, porta-voz da Inter-LGBT, comenta que “esta iniciativa responde a um anseio já manifestado, relativamente ao reconhecimento do género e do nome através de uma declaração simples, baseada apenas na autodeterminação da pessoa. A posição da Mastercard está, por isso, alinhada com a recomendação do Defenseur des Droits, um conceito francês, que solicita, desde 2016, que os bancos se adaptem e levem em consideração os nomes escolhidos pelas pessoas. Entre as 10 recomendações para reivindicar os direitos das pessoas trans, que foram divulgadas em 26 de junho de 2020, está, precisamente, a de que as instituições respeitem a identidade das pessoas trans concordando em modificar o seu primeiro nome, género e marcador de género e ampliando a lista de identificações necessárias para a assinatura do contrato. Os decisores europeus devem inspirar-se nessa iniciativa para possibilitar a mudança do nome das pessoas trans com base apenas na sua autodeterminação e num procedimento administrativo simples, conforme está, aliás, estabelecido na resolução 2048 do Conselho da Europa“, conclui.