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Geração Z: novos desafios e enriquecimento profissional
2020-06-22

Um estudo elaborado pela Michael Page sobre a Geração Z em Portugal revelou que o enriquecimento profissional é um dos fatores mais valorizados por estes jovens, cada vez mais sedentos por novos desafios profissionais e que procuram marcar uma posição e ter um impacto positivo na sociedade.

O estudo reuniu opiniões de 333 inquiridos, jovens entre os 20 e os 25 anos, de situações profissionais diversificadas, abordando temas como a procura de emprego, perspetivas laborais e progressão da carreira, entre outros.

No que concerne à situação profissional dos inquiridos, a maioria encontra-se atualmente numa situação de contrato permanente (21,8%) ou de contrato por tempo limitado (21,3%), sendo que também existe uma quantidade significativa de inquiridos na situação de estudante (19%), seguida de desempregado (16,7%). Uma percentagem de 11,2% dos inquiridos encontra-se ainda numa situação de estágio.

Como atrair e reter o talento do futuro?

Tendo em conta que muitos destes jovens se encontram ainda a concluir os seus estudos, torna-se essencial saber o que procuram e onde procuram, quando se trata de compreender o seu comportamento no mercado de trabalho. Numa situação de procura de emprego, a grande maioria dos inquiridos deposita a sua total confiança nos websites das empresas (59,2%), sendo que os portais de emprego, como é exemplo o LinkedIn, ou os contactos e referências também são apontados como fontes seguras, registando, respetivamente, 49,6% e 48,5% de respostas positivas.

No que diz respeito ao “tempo ideal” para trabalhar na mesma empresa, a maioria dos inquiridos respondeu de três a quatro anos (42,7%), sendo que os motivos mais apontados para justificar o lapso temporal escolhido são por se tratar do “tempo ideal” para “enriquecer o seu CV em diferentes empresas e funções” (63,5%) e “enriquecer as suas competências” (62,5%), para posteriormente, “ter mais estabilidade” (80,5%).

O estudo revela ainda que nem sempre os empregos correspondem às expectativas destes jovens. Tal é verificado pela resposta da maioria dos inquiridos que afirmam que os fatores mais relevantes para mudar de emprego são a estagnação do seu percurso profissional (57%) e pelo facto de não se identificarem com os valores da empresa (46,9%). Ainda assim, a maioria dos inquiridos afirma que o tempo máximo que permaneceria numa função que não é do seu agrado é entre seis meses e um ano (51,3%).

A cultura de uma empresa parece ser um fator cada vez mais ponderado pelos inquiridos da Geração Z, sendo que 58,7% afirma que os principais objetivos de uma empresa devem ser “contribuir de forma positiva para a sociedade/marcar a diferença (educação, reduzir desigualdades…)” e 53% aponta a “capacidade de inovar e criar novos serviços e ideias”.

O perfil da Geração Z

O estudo elaborado pela Michael Page sobre a Geração Z ajuda a compreender muitas das decisões destes jovens, extremamente críticos e curiosos, com grande tendência para o empreendimento e a criatividade.

A maioria dos inquiridos é do sexo feminino (74,4%) e tem a licenciatura como grau de formação (42,5%), sendo que a segunda habilitação académica com mais respostas foi mestrado (30,2%). Ainda assim, a experiência profissional desta Geração Z é reduzida, com a maioria dos inquiridos a responder um a dois anos (37,9%) ou inferior a um ano (33,3%).

Relativamente ao salário, 54,2% dos inquiridos responderam que o intervalo do seu salário bruto anual se encontra abaixo dos 14 mil euros e a segunda resposta mais comum remete para um intervalo salarial de 14 mil euros a 20 mil euros euros, com 26,5% da amostra a selecionar esta opção.

A grande maioria dos inquiridos ambiciona ter entre dois a cinco projetos relacionados com a sua área principal de especialização na carreira (55,4%), seguidos pelos que ambicionam ter mais de 10 projetos (17,5%).

A independência e desprendimento destes jovens também está patente na escolha dos inquiridos para a resposta que mais se aproxima do seu objetivo de vida. Cerca de 31,8% dos inquiridos afirmam que aspiram a ter um impacto positivo na sociedade/fazer a diferença, enquanto 25,2% deseja ver o mundo e viajar. Curiosamente, esta é uma geração que valoriza o “dress code”, considerado necessário por 55,7%, e cerca de metade acredita que a forma como se veste tem impacto na carreira.

Os temas que mais preocupam esta geração dividem-se entre a “desigualdade salarial/distribuição de riquezas”, apontado por mais de metade dos inquiridos (56,8%), as “alterações climáticas” (56,5%) e a “corrupção em empresas ou no Governo”, referida por 53,7%.

Convivência com tecnologia

Para a Geração Z, de acordo com as respostas obtidas, o meio de comunicação preferencial é o e-mail (86,1%), seguido pelo contacto pessoal (62,6%) e o telefone (61,9%).

De acordo com Álvaro Fernández, diretor geral da Michael Page, “os resultados alcançados com este estudo espelham o impacto que a convivência com a tecnologia teve na educação e construção da personalidade destes jovens”, acrescentando que “o facto de estarem sempre conectados e de terem sido habituados a aceder a qualquer tipo de informação numa questão de segundos, despertou a curiosidade e o sentido crítico da Geração Z, cada vez mais ávida por novos estímulos”.

A grande maioria dos inquiridos garante que as redes sociais têm um impacto positivo na sua vida social (63,7%) e não têm qualquer impacto positivo ou negativo na sua saúde mental (50%) ou saúde física (51%).

Concluindo, “a Geração Z é extremamente qualificada e representa uma enorme mais-valia para o mercado de trabalho, ainda que seja igualmente um desafio”. Neste sentido, “as empresas devem ter presente que a sua cultura deve abranger problemáticas relacionadas com o impacto social e humano, inovação e flexibilidade laboral, caso contrário, dificilmente conseguirão acompanhar e motivar o talento do futuro”, avisa o diretor geral da empresa de recrutamento.

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L.Branca/PAE

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