Nos próximos 10 anos, os sectores de produtos de consumo e retalho vão estar em mutação e mostrar-se muito além do que é atualmente conhecido.
No âmbito da terceira edição do Beyond – Portugal Digital Transformation, um movimento de reflexão e debate sobre a temática da transformação digital, a EY Portugal divulgou as EY Future Guidelines para estes sectores, resultantes da identificação de oito hipóteses sobre as forças que impulsionarão a mudança e transformarão a forma como as empresas criam e capturam valor.
A começar pelos bots. De acordo com a EY, os consumidores poderão ver a compra e o ato da compra como atividades distintas. A maioria das compras exige algum elemento de escolha consciente, mas, à medida que os bots, os serviços de concierge e os sistemas de smart-home se tornam mais inteligentes, vão realizar muitas dessas transações.
Os consumidores vão possuir menos coisas e irão pagar para usar ou aceder ao que querem e quando querem. Com a ascensão da "economia gig", o aumento de consumidores nómadas e o crescimento das megacidades, os consumidores do futuro terão menor necessidade de possuir coisas.
Os consumidores irão, também, maximizar a sua saúde com o mínimo esforço. Hoje, é preciso pensar e fazer um esforço consciente para levar uma vida saudável. No futuro, a partir do momento em que é criada uma relação de confiança para a partilha de dados (biométricos e outros), a gestão da saúde e bem-estar será ativa e automática.
Os consumidores saberão, ainda, tudo sobre de onde vem a comida, como chega ao prato e o seu impacto no organismo. Haverá, assim, uma mudança fundamental de "food fiction" para "food fact". O que se considera ser uma boa refeição mudará, pois a tecnologia blockchain permitirá ter uma cadeia alimentar completamente transparente.
As tecnologias estão mais interativas e integradas com o dia-a-dia, mas ainda se está consciente do que se está a utilizar. No futuro, ter-se-á menos consciência da tecnologia e muitos dos serviços ou dispositivos nos quais se confia ficarão invisíveis.
Os consumidores irão otimizar os comportamentos rotineiros através da gamificação, de modo a que o trabalho e o lazer se fundam e ambos se tornem produtivos. Encontrar o equilíbrio certo é visto, atualmente, como um elemento essencial no bem-estar pessoal. Realidades aumentadas e virtuais tornarão interativa uma parte da vida quotidiana, através de conteúdos, media, jogos e entretenimento.
Os consumidores da "economia gig" vão encontrar trabalho através de "plataformas cognitivas". O consumidor do futuro desenvolverá uma forma completamente nova de carreira, liderada por uma série de experiências de trabalho ecléticas, que serão combinadas para os ajudar a responder às suas necessidades pessoais, de desenvolvimento e ainda financeiras.
Os consumidores irão ainda beneficiar de sistemas de transporte total e perfeitamente integrados. O consumidor do futuro poderá utilizar serviços de viagem mais interligados e ecológicos. A infraestrutura de transportes adaptar-se-á para refletir os padrões de viagem dos seus utilizadores.
A terceira edição do Beyond vai continuar nos próximos meses com encontros sectoriais nas várias áreas estratégicas para Portugal, como mobilidade, serviços financeiros e indústria. Paralelamente às conferências, decorrerão ainda as várias sessões Think Thank e Executive Breakfasts, que vão promover o debate em torno de diversos temas, tais como a sustentabilidade na saúde, marketing digital e o turismo nesta era digital, mobilidade no futuro e digital tax são alguns exemplos das temáticas a abordar. Na conferência final, agendada para o início de junho, serão divulgados casos de sucesso e apresentadas as melhores estratégias pessoais, empresariais e políticas, identificadas pela consultora.