De acordo com os resultados preliminares, o Grupo Bosch gerou vendas na ordem dos 78 mil milhões de euros no último ano, o que representa um crescimento de 8,3%, ajustado às taxas de câmbio. O resultado das vendas foi afetado negativamente pelas taxas de câmbio no valor de 1,2 mil milhões de euros.
“Ultrapassámos as nossas previsões e aumentámos a rentabilidade. Em 2017, o valor de vendas foi o mais alto de sempre”, afirma Volkmar Denner, presidente do conselho de administração da Robert Bosch GmbH.
Os lucros das operações antes de juros e taxas (EBIT) aumentaram 18%, o equivalente a 5,3 mil milhões de euros. Isto equivale a uma margem EBIT de operações de 6,8%, como explica Stefan Asenkerschbaumer, CFO e vice-presidente do conselho de administração. “O sucesso da Bosch verificado no seu 'core business' financia os seus esforços para se tornar líder no fornecimento de tecnologia IoT e de soluções de mobilidade”.
Todos os sectores tiveram um papel positivo no desenvolvimento dos negócios da empresa em 2017. De acordo com os resultados preliminares, as vendas de soluções de mobilidade aumentaram 7,8%, três vezes mais rápido do que a produção automóvel, para 47,4 mil milhões de euros. Ajustado às taxas de câmbio, o crescimento foi de 9,7%.
No sector dos bens de consumo, a BSH Hausgeräte e a Power Tools aumentaram as suas vendas em 4,5% no total de 18,5 mil milhões de euros. Ajustado às taxas de câmbio, as vendas aumentaram 6,7%. A BSH Hausgeräte também verificou um desempenho positivo em 2017, no ano em que se comemorou o seu 50.º aniversário.
O sector da tecnologia industrial registou um crescimento de 7,7% com as vendas a ascenderem aos 6,7 mil milhões de euros, o equivalente a um crescimento de 8,5% depois do ajuste das taxas de câmbio. Crescimento que se deve sobretudo à divisão de Condução e Tecnologia de Controlo.
O sector de tecnologia energética e de edifícios registou vendas de 5,4 mil milhões de euros, que representam um aumento de 3,1%, ou 4,8% depois do ajuste das taxas de câmbio.
Olhando para 2018, a empresa vislumbra oportunidades no sentido de trazer a conectividade para mais áreas, como as fábricas, edifícios e cidades, assim como para a transformação da mobilidade. Volkmar Denner sublinha também a importância de transformar digitalmente a cultura corporativa.
A Bosch identifica um enorme potencial de vendas na indústria conectada ou indústria 4.0. Uma nova unidade operacional, a Bosch Connected Industry, começou a operar com 500 colaboradores, no início de janeiro. É aí que a Bosch desenvolverá toda a sua atividade e apostará o seu conhecimento na indústria 4.0, direcionado sobretudo para o software e serviços. No futuro, a Bosch também contribuirá com a sua experiência na indústria 4.0 para a implementação e serviços de consultoria a outras empresas.
Entre o presente e 2020, a empresa ambiciona explorar a implementação no sentido de aumentar as suas vendas em mais de mil milhões de euros. Volkmar Denner enfatiza ainda a importância da conectividade para além da Internet das Coisas. “O nosso planeta só será habitável para milhões de pessoas se encontrarmos soluções inovadoras para problemas urgentes”. A Bosch tem mais de 170 projetos em IoT que procuram solucionar problemas como é o caso do aumento da população, urbanização, poluição do ar e alterações climáticas. “Usamos a Internet das Coisas para conectar o mundo real com o objetivo de melhorar a qualidade de vida”, afirma. Em 2017, por exemplo, a empresa introduziu novas soluções de agricultura inteligente, ou agricultura conectada, que se espera que ajude a alimentar oito mil milhões de pessoas em 2050. Nesta área, as soluções baseadas em sensores e a inteligência artificial estão a ser introduzidas no cultivo de espargos, morangos, tomates e uvas. A tecnologia Bosch está também a ajudar a alcançar maior eficiência e sustentabilidade na cultura de ostras e na pecuária. Estima-se que o crescimento do mercado da agricultura digital atinja mais de 70% em 2020.
Em resposta ao aumento do número de aplicações dos semicondutores à IoT e à mobilidade, a Bosch está a construir uma unidade fabril wafer em Dresden, onde tenciona investir mais de mil milhões de euros até 2021. Entre as áreas onde estes chips se aplicam estão as casas inteligentes. Para cozinhas inteligentes, a Bosch oferece não só funcionalidades domésticas, mas aumenta também o número de serviços digitais. O ecossistema Home Connect incorpora uma aplicação disponível em 12 idiomas desenvolvida pela startup Kitchen Stories. A aplicação, que já conta com mais de 15 milhões de downloads, inclui mais de mil receitas e usa vídeo e fotos para mostrar como se confecionam.
No início do ano, no CES, em Las Vegas, a Bosch apresentou o seu portfólio de soluções para cidades totalmente conectadas. Entre as soluções está a “Climo”, um laboratório móvel, que fornece informações da qualidade do ar das cidades em tempo real. Em 2025, 80 dos centros metropolitanos serão cidades inteligentes e, neste momento, a Bosch já está a seguir 14 projetos de referência neste domínio. O mercado das cidades inteligentes representará 700 mil milhões de euros em 2020.
A urbanização está de mãos dadas com uma multiplicidade de problemas. Até 2050, o tráfego urbano irá triplicar. “Queremos alcançar a mobilidade urbana sem emissões, sem stress e livre de acidentes. Para o atingirmos, vamos automatizar, eletrificar e conectar o tráfego rodoviário”, afirma o presidente do Conselho de Administração. A partir deste verão, a plataforma de partilha Coup trará as suas e-scooters para as ruas de Madrid.
A automação também ajudará a aliviar o peso do tráfego urbano. No início da próxima década, a Bosch e a Daimler transformarão veículos totalmente automáticos e sem motoristas numa realidade, nas ruas da cidade. Os primeiros veículos de teste estarão na estrada já em 2018. A Bosch e a Daimler também se aproximaram de uma condução automática em 2017: no parque de estacionamento do Museu Mercedes-Benz, as empresas lançaram a primeira solução do mundo para um serviço de estacionamento totalmente automatizado.