No decorrer da cerimónia de apresentação do novo centro logístico do Algoz, no Algarve, e a uma escassa semana da entrada em vigor do novo diploma legal alusivo às Práticas Individuais Restritivas do Comércio (PIRC), Alexandre Soares dos Santos, antigo “chairman” da Jerónimo Martins, acusou os meios de comunicação social de fazerem campanha contra a distribuição moderna favorecendo os fornecedores e o meio agrícola. Realçando o facto de estar presente no evento por “ter sido convidado” e não por “ser o presidente na sombra do grupo Jerónimo Martins”, Alexandre Soares dos Santos declarou estar “farto de que Jerónimo Martins seja tratada como máquina trituradora e que não paga a fornecedores. Nós não andamos aqui a matar ninguém. Quem não está connosco são os pequenos agricultores porque não se querem organizar em cooperativas", acrescentou, defendendo que mantém boas relações com os fornecedores.
Já Pedro Soares dos Santos, actual presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, também recordou que 75% do que é vendido pelo grupo por si presidido é fabricado em Portugal, ao mesmo tempo que apresentou alguns dos investimentos futuros da empresa.
Defesa da acção dos grupos de retalho nacionais, onde, e na continuação do seu discurso, Alexandre Soares dos Santos chegou a tecer elogios ao concorrente Sonae, alinhando a importância de ambas as companhias na redução dos preços, travagem da inflação e melhoria dos produtos comercializados na perspectiva da segurança alimentar. “Só prestamos bons serviços”, considerou.
O convidado da cerimónia de inauguração do novo centro logístico do Algarve, recordou, ainda, alguns dos investimentos mais recentes da Jerónimo Martins, num total de 1,5 mil milhões de euros e de 10 mil empregos criados ao longo da última década. Já nos últimos cinco anos de crise, o investimento da Jerónimo Martins atingiu os 540 milhões de euros, num total de 1.200 empregos criados.
O antigo líder do grupo retalhista português assumiu que somente com lucros se pode fazer investimentos e conferir retorno aos accionistas. “Vocês pensam que vamos vender a Jerónimo Martins? A Jerónimo Martins está na minha família há mais de 100 anos e não vamos vender o grupo mas também gostamos de ter algum estímulo. Mas não fugimos aos impostos”, numa clara alusão ainda à mudança da sede da holding para a Holanda, antes de lançar uma pergunta retórica: "se calhar, gostam muito mais de ver uma PT desaparecer para o Brasil. E o que aconteceu com a Cimpor?”. Isto antes de terminar com um desabafo: “sou mais bem recebido na Colômbia do que em Portugal”.
Com a cortesia da Grande Consumo.