2013 será um ano "perfeito" em termos de necessidades e de oportunidades. Segundo o gabinete de tendências Trendwatching, uma máxima vai imperar, independentemente do mercado e do facto de muitas economias mundiais continuarem na “corda bamba”: aqueles que conseguirem suprir os desejos, necessidades e expectativas, em constante transformação, dos seus consumidores terão sempre mais oportunidades de lucrar.
Com a economia mundial remapeada, novas e “velhas” tecnologias aplicadas de maneiras inovadoras e novos modelos de negócio, eis as 10 grandes tendências que vão nortear o consumo em 2013.
1. “Custowners”
Os consumidores estão a abraçar novas formas de participar no financiamento, lançamento e crescimento dos produtos e marcas de que gostam, deixando de lado o consumo passivo. O retorno esperado desta participação é tanto financeiro como emocional. Por isso mesmo, a Trendwatching acredita que apenas as marcas acessíveis, honestas, transparentes e, de alguma maneira, mais “humanas” serão dignas da atenção dos “Custowners”.
O Barclays é aqui um bom exemplo, através do seu projecto Barclaycard Ring MasterCard, um cartão de crédito “social” desenhado e desenvolvido através de “crowdsourcing”. Os membros da comunidade virtual podem sugerir e votar decisões, que podem influenciar o modo como o projecto é desenvolvido e apresentado, e todos têm participação no lucro gerado.
2. “Emerging 2”
Se nas últimas duas décadas foi comum ver os mercados desenvolvidos actuarem em economias emergentes e vice-versa, o momento é agora de mudança e podemos esperar uma explosão de produtos e serviços vindos de mercados emergentes para mercados emergentes. Um bom exemplo são todas as marcas brasileiras e chinesas que procuram satisfazer os desejos das classes médias na Turquia, Índia ou África do Sul. Além disso, como estas marcas de mercados emergentes já possuem experiência de actuação em mercados de rápido crescimento e já estão acostumadas a servir classes médias cada vez mais poderosas, a Trendwatching avança a possibilidade das próximas potências de mercado de massa virem, de facto, dos mercados emergentes.
Dois exemplos que ilustram esta tendência vêm da área da tecnologia: a Lenovo e a Compumax. Em Outubro, a Lenovo começou a comercializar na Indonésia uma linha de “smartphones” que inclui desde o topo de gama K860, com câmara de oito megapixels e oito gigabytes de memória, a aparelhos mais acessíveis. A fabricante chinesa também anunciou que iria lançar um “smartphone” para o mercado indiano até Março, procurando consolidar a sua posição como a segunda maior fabricante de "smartphones" na China.
Por sua vez, a colombiana Compumax lançou o primeiro “tablet” inteiramente desenhado e produzido em Bogotá. O BluePad tem um ecrã de sete polegadas, opera no sistema Android 4.0 e possui uma “drive” SSD de quatro gigabytes, expansível até 32 gigabytes via Micro SD. O produto também podem ser comprado na Venezuela e Equador.
3. “Mobile Moments”
Em 2013, os consumidores usarão os seus dispositivos móveis para maximizar absolutamente cada momento. Uma pesquisa da Harris Interactive, nos EUA, descobriu que 63 por cento das mulheres e 73 por cento dos homens não passam mais de uma hora sem consultar o seu telemóvel. Isto significa que os próximos 12 meses verão uma explosão de produtos, serviços e experiências que permitam aos consumidores adoptar naturalmente um estilo de vida “multi-hiper-tasking”.
Aproveitando o fenómeno da aplicação de QR codes no retalho, a empresa online norte-americana Peapod.com anunciou, em Outubro, o lançamento de mais de 100 “lojas virtuais” nas maiores estações de comboio de Nova Iorque, Washington, D.C. e Chicago. Também a rede de supermercados mexicana da Walmart, a Superama, já disponibiliza quiosques com QR codes em alguns “shoppings” na Cidade do México.
4. “New Life Inside”
A longo prazo, uma das missões principais das marcas será manter actividades ecologicamente sustentáveis. Em 2013 vai sobressair o fenómeno de produtos e serviços que possuem, literalmente, uma vida própria, ao invés de serem descartados ou reciclados.
Mais do que nunca, haverá um grande valor simbólico em criar o novo através de um produto de consumo. Um bom exemplo é dado pelo Tierra Patagonia Hotel & Spa, no Chile, que lançou uma iniciativa para dar a cada um dos seus clientes sementes de árvores rastreáveis virtualmente. Cada hóspede recebe um código e pode escolher em que parte da área protegida deseja que a sua árvore seja plantada. Uma vez no solo, os hóspedes recebem um link do Google Maps com a localização da sua árvore.
5. “Appscriptions”
As tecnologias digitais são a nova medicina e já é possível encontrar mais de 13 mil “apps” de saúde disponíveis na App Store da Apple. Em 2013, espera-se que os profissionais receitem as melhores “apps” como parte de tratamentos. Além disso, para fornecedores de serviços de saúde, estes “remédios digitais” prometem reduzir custos, tornando o consumidor mais consciente sobre a sua saúde, e permitir o controlo remoto e a captação de sinais antecipados sobre o estado do paciente.
Nos EUA, a Happtique, uma subsidiária do Greater New York Hospital Association, lançou uma loja de aplicações médicas desenvolvida por e para profissionais de medicina. Em Agosto, a Happtique lançou um programa piloto para uma “app” de receitas electrónicas. O mRx permite que os médicos façam prescrições de aplicações certificadas e rastreiem quais os pacientes que fizeram o download ou mandem alertas para aqueles que ainda não têm a “app”.
6. “Celebration Nation”
Em 2013, o capital cultural global continuará a ser alterado de forma tão dinâmica quanto o seu equivalente financeiro. Os mercados emergentes exportarão e farão questão de disseminar a sua cultura e história e os símbolos, estilos de vida e tradições que antes eram menosprezados (quando não negados) serão fonte de orgulho para os consumidores locais e objecto de interesse para os consumidores globais.
A primeira marca de moda de luxo chinesa NE-TIGER é conhecida pelos seus designs étnicos inspirados numa mistura oriente/ocidente. Em Setembro, o criador da marca, Zhang Zhifeng, fez um discurso intitulado “Da China para o Mundo”, antes de apresentar a sua última colecção de alta costura “Huafu” em Milão.
7. Data Myning
Se os dados são uma nova espécie de recurso, em 2013 os consumidores esperam fazer o melhor uso possível dos seus próprios dados e procurar marcas que usem esta informação proactivamente para oferecer ajuda e conselhos sobre como melhorar o seu estilo de vida e/ou economizar dinheiro.
Nada disto é novidade no mundo do entretenimento, mas em 2013 outros sectores vão começar a usar dados dos seus consumidores e torná-los úteis. Lançada em Outubro, a Movenbank foi criada com o objectivo de oferecer uma plataforma de serviços financeiros que ajude os utilizadores a melhorar a sua relação com suas poupanças. O serviço é baseado num sistema de pontuação que é impulsionado por gastos e poupanças de todos os participantes envolvidos (o que cria uma certa “influência social”). Os utilizadores com maior pontuação são beneficiados com descontos e acesso a produtos adicionais.
Em Agosto, a rede de supermercados norte-americana Kroger passou a utilizar um esquema de descontos personalizados baseados nos dados dos cartões fidelidade. 70 por cento dos compradores que receberam os descontos usaram pelo menos um deles.
8. “Again made here”
A manufactura local é a nova economia de serviços. Quatro em cada cinco consumidores norte-americanos (76%) prestam atenção ao “Fabricado nos EUA” e estão mais dispostos a comprar estes produtos, segundo uma pesquida da Perception Research.
Mas local significa mais do que artesanato. Em Junho, o Google lançou o aparelho de "home media-streaming" Nexus Q. O seu sistema "wireless" vinha com a seguinte inscrição desenhada a laser: “projectado e produzido nos EUA”. A base de metal do Nexus Q é produzida no centro-oeste do país, os componentes de plástico são feitos na Califórnia e o aparelho é montado a poucos quilómetros dos escritórios do Google, em Montain View, na Califórnia.
9. “Full Frontal”
As marcas devem passar de “não ter nada a esconder” a “provar e mostrar que não têm nada mesmo a esconder”. Isso significa mais do que fazer declarações sobre “valores” e “cultura”, mas assumir uma posição clara e directa com resultados concretos.
Em Setembro, o restaurante japonês Kimitachi abriu um "franchising" em Curitiba, no Brasil, após o seu teste-piloto bem sucedido em Florianópolis. Os pedidos de entrega podem ser acompanhados por câmaras através de um sistema de vídeo instalado na cozinha do restaurante. O sistema foi criado para “humanizar a entrega de sushi” e oferecer mais transparência e confiança aos seus clientes.
10. “Demanding brands”
As marcas socialmente responsáveis irão exigir que seus consumidores também contribuam, ganhando assim o respeito até dos mais exigentes. Por outro lado, estes não tomarão partido de marcas a não ser que realmente acreditem na sua causa.
Um bom exemplo é dado pelo clube de futebol brasileiro Vitória que, para promover a sua campanha de doação de sangue, revelou os novos equipamentos dos seus jogadores em Julho. Apesar da camisola ser em tons de vermelho e preto, o novo uniforme era branco com riscas pretas. Adeptos de todo o país foram encorajados a doar sangue para que a cor vermelha voltasse às camisolas. Durante o campeonato 2012/2013, as quatro riscas tornar-se-ão vermelhas, uma de cada vez, conforme o banco de sangue alcançar cada meta de doações estipulada.