Trabalhadores portugueses são dos mais pressionados e stressados a nível internacional
Os trabalhadores portugueses sentem-se pressionados, têm grandes dificuldades em lidar com o stress e são dos que menos conseguem conciliar vida profissional e familiar, conclui um estudo internacional realizado pela GfK Custom Research, agência do Grupo GfK, que analisou 29 países de todo o mundo.
De acordo com as conclusões, um em cada dez trabalhadores portugueses considera que poderá não manter o seu emprego nos próximos 12 meses, uma percentagem que desce para apenas quatro por cento relativamente à expectativa para 2012. De notar que o estudo foi realizado antes do pedido de ajuda externa por parte de Portugal.
No que diz respeito a cortes nos salários ou noutros benefícios financeiros, 14 por cento dos portugueses afirmam que tiveram algum tipo de redução de retribuição, sendo que, desses, 46 por cento viram o seu salário afectado, 32 por cento perderam vantagens como viatura ou telemóvel da empresa, 10 por cento falam em cortes nos subsídios de férias e de Natal e oito por cento em redução nos subsídios de alimentação.
No que diz respeito às oportunidades de emprego, os trabalhadores portugueses são dos que sentem mais a existência de poucas oportunidades (31 por cento concordam, sendo que a média de respostas dos restantes países é de 46 por cento).
Portugal é, ainda, dos países onde os trabalhadores têm mais dificuldades em lidar com o stress e em equilibrar vida pessoal e profissional. 41 por cento dos inquiridos queixam-se que “raramente” conseguem este equilíbrio, sendo que a média de respostas dos restantes países é de 31 por cento.
Segundo as conclusões deste GfK International Employee Engagement Survey, os jovens são os que demonstram maior preocupação com o equilíbrio entre a vida privada e profissional, os níveis de stress, a segurança, a pressão e as longas horas no local de trabalho. A percentagem média de indivíduos entre os 18 e os 29 anos que está frequentemente ou quase sempre preocupada com a relação entre a sua vida privada e profissional é de 39 por cento. No entanto, à medida que a idade dos trabalhadores aumenta, este valor baixa, sendo que na faixa dos 50 e 59 anos é de apenas 28 por cento.
No que se refere aos níveis de stress, 40 por cento dos jovens diz-se frequentemente stressado ou quase sempre stressado, enquanto que nos inquiridos com mais de 50 anos esse valor baixa para 34 por cento. A mesma tendência verifica-se nos outros indicadores, como a pressão para trabalhar longas horas, os recursos para levar a cabo as tarefas de forma adequada e a saúde em geral.
As aspirações profissionais dos jovens inquiridos neste estudo foram altamente abaladas pela recessão comprovando-se que, mais de um terço (36%) da média dos jovens empregados foram forçados a aceitar empregos que não gostavam e 37 por cento acabaram por ir para uma carreira diferente da que inicialmente tinham escolhido, devido à conjuntura económica.
Os trabalhadores mais jovens parecem igualmente estar a aguentar as medidas de austeridade impostas pelas entidades patronais, sendo que uma média de 39 por cento dos inquiridos acredita que o seu patronato está a usar a recessão para exigir mais dos trabalhadores, dados que, quando comparado com os registados entre os trabalhadores mais velhos, não são tão elevados (24 por cento).
Os jovens trabalhadores portugueses não são excepção nesta tendência de preocupação e desilusão. Apenas sete por cento dos portugueses entre os 18 e os 29 anos estão “altamente ligados” ao seu trabalho, nível próximo de países como a Sérvia, Hungria, República Checa e Rússia.
No topo da tabela de jovens que estão mais ligados aos seus empregos surge a Macedónia, em que a taxa é de 36 por cento, a França e Turquia com 32 por cento, o México com 27 por cento, os Estados Unidos com 24 por cento e o Brasil com 20 por cento.
Os dados demonstram que a retenção de jovens trabalhadores nos países com taxas mais baixas de ligação às empresas deverá ser um desafio sério para as economias destes países no futuro, além de constituir uma debilidade para a situação produtiva.