O mais recente estudo da Mercer, realizado a mais de uma centena de empresas em Portugal, demonstra que muitas tinham já adotado práticas como a flexibilidade no horário de início e fim da jornada de trabalho, antes da Covid-19 (58%). 24% admite ter implementado esta prática após a pandemia ou ter intenções de vir a implementar nos próximos 18 meses. Atualmente, apenas 19% das empresas incluídas no estudo referiram não ter implementado esta prática.
Outras práticas de trabalho flexível analisadas pelo estudo incluem o trabalho em part-time (trabalhar menos de 40 horas por semana), quatro dias de trabalho por semana ou horários de trabalho condensado (4/5 ou 8/10), desempenho com base em contributos ou resultados, sem horário fixo de trabalho ou local permanente exigido, licenças sem vencimento/sabáticas (por motivos de parentalidade, de saúde ou outras licenças impostas pelo Governo), trabalho intensivo por turnos, regresso faseado ao trabalho para novos pais, dias de férias suplementares e escalonamento de horários.
Impulso da flexibilidade
As conclusões demonstram também que a pandemia foi um dos principais impulsionadores para a introdução da flexibilidade no trabalho, com cerca de 65% das empresas a considerarem este motivo como o fator-chave. Cerca de 57% referiu que a eficiência é também um “business driver” para este formato de trabalho e 48% considera a agilidade e também a mobilidade como elementos-chave para a introdução do trabalho flexível na sua empresa.
Quando questionadas sobre qual o impacto da Covid-19, numa escala de 1 (mínimo) a 10 (máximo), na implementação do trabalho flexível, 66% das empresas selecionou 8 ou mais. Destas, 32% escolheu o “rate” mais alto, 10. Adicionalmente, 23% das empresas mencionam que a pandemia alterou completamente os seus planos relativamente à introdução de medidas relacionadas com o trabalho flexível.
“A pandemia mudou a nossa forma de trabalhar”, refere Marta Dias, líder de estudos de mercado da Mercer Portugal. “Este estudo ajuda-nos a perceber de forma clara que foi este o fator desencadeador na introdução do trabalho flexível e de novas formas de trabalhar até então pouco adotadas, sobretudo nos sectores mais tradicionais. Estamos certos de que o ‘novo normal’ passa também por uma ‘nova forma de trabalhar’”.
Segundo os resultados deste estudo sobre trabalho flexível, 57% das empresas inquiridas assumem ter planos para fazer alterações no espaço de trabalho, nos próximos meses, e 88% pretende que esta mudança inclua uma transição para espaços mais flexíveis, com uma dinâmica mais ágil ou mesmo virtuais. Cerca de três em cada 10 empresas (31%) que pretendem esta mudança têm preferência por espaços mais flexíveis e 43% prefere um local de trabalho que seja mais ágil.
As empresas participantes destacam também que o foco da introdução da flexibilidade, independentemente da situação de pandemia, são as pessoas, nomeadamente a promoção do seu bem-estar (86%) e do equilíbrio vida pessoal e profissional (62%). No entanto, as empresas assumem também a importância estratégica da flexibilidade, considerada como uma peça-chave na retenção (56%) e na atração de talento (35%).
Neste contexto, muitas empresas referem ter já no local de trabalho espaços recreativos, como salas de jogos ou de gaming (31%), salas de lactação (17%) ou serviços de lavandaria (10%).