Os consumidores sentem-se mais confortáveis em encher os seus carrinhos de compras com bens produzidos nos seus próprios países, ao invés de produtos transportados de uma fábrica localizada num outro país. Assim o conclui a Kantar, que incluiu 45 mil pessoas de 17 geografias distintas, que apurou que um terço dos consumidores mundiais teme que os produtos importados representem um risco em termos de segurança.
Os bens vindos da China e dos Estados Unidos da América apresentam uma perceção de risco particularmente elevada, uma vez que 47% dos inquiridos tem menos inclinação a comprar produtos destes dois mercados. Os sul-africanos, os sul-coreanos, os nigerianos e os franceses são os que mais receiam comprar produtos daqueles dois mercados.
Proteger a economia
A preocupação com uma segunda vaga da Covid-19 está a motivar que os consumidores defendam que as empresas devem mover as cadeias de abastecimento para os seus próprios países, de modo a proteger os postos de trabalho e a economia. O estudo da Kantar mostra que 65% dos inquiridos favorece a compra de bens e serviços dos seus mercados internos e que um em cada quatro inquiridos acredita que as marcas devem produzir os seus artigos internamente.
Os chineses (87%) destacam-se neste indicador, sendo apontados como os campeões do movimento “comprar local”. 81% dos italianos e 76% dos sul-coreanos também partilham da opinião.
Risco versus recompensa
Segundo Peter Murray, membro da American Psychological Association e da Society for Consumer Psychology, o comportamento dos consumidores evoluiu durante a crise do coronavírus, porque estes reconheceram um risco. Citado pela CNBC, Peter Murray defende que, em circunstâncias normais, o comportamento dos consumidores é determinado pela vantagem emocional associada à compra de um produto. No decurso da pandemia, contudo, surgiu uma outra dimensão do processo de decisão, que consistem na avaliação da recompensa de uma compra face ao risco que a mesma acarreta.
No seu entender, as perceções não fundamentadas do risco poderá, mesmo, fazer com que os consumidores fiéis de determinadas marcas se afastem de determinados produtos.
Também citado pela CNBC, Michael Gasiorek, professor de economia na Universidade de Sussex, no Reino Unido, acrescenta que, em tempos de crise, as pessoas tendem a voltar-se para si mesmas e a tornarem-se nacionalistas. Mas a grande questão é saber se mudam, realmente, o seu comportamento.