O Grupo Jerónimo Martins anunciou os resultados trimestrais, onde já se faz sentir de forma significativa o impacto da Covid-19, com o mês de março a ser de desaceleração, com as medidas de confinamento a impactarem as últimas semanas do trimestre. No qual, a Jerónimo Martins viu os seus resultados líquidos caírem para 35 milhões de euros, num período onde apurou um crescimento de 11% em vendas, que ascenderam aos 4.715 milhões de euros, e onde o EBITDA cifrou-se nos 309 milhões de euros, 0,4% abaixo do registado no mesmo período de 2019. Mas que reflete um montante de 15,5 milhões de euros alocados ao reforço das condições de segurança para colaboradores e clientes no presente contexto de pandemia. Excluindo este efeito, o EBITDA teria crescido 4,6% e registado uma margem de 6,9% no trimestre.
No período em análise, o investimento foi de 90 milhões de euros, com mais de um terço do total a ser alocado à Biedronka.
“Fechámos o primeiro trimestre do ano com um crescimento de vendas assinalável, o que traduz a força competitiva dos vários negócios e a flexibilidade e resiliência das nossas operações, mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia por Covid-19. Os primeiros impactos da crise sanitária mundial começaram a fazer-se sentir, ainda que com intensidades diferentes consoante o estádio de evolução da situação epidemiológica em cada país (Polónia, Portugal e Colômbia), a partir da primeira quinzena de março. As nossas equipas responderam rapidamente, de forma diligente e com extraordinário sentido de compromisso”, declara Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador delegado do Grupo Jerónimo Martins.
Dividendos pagos a 30%
Num contexto de elevada incerteza, a crise encontra o grupo numa situação financeira sólida, após um ano “de fortes resultados como foi o de 2019”. Pedro Soares dos Santos recorda, contudo, que aconselha a prudência que, “num quadro de recessão global, reforcemos a gestão conservadora do nosso balanço, mantendo a flexibilidade para capturar eventuais oportunidades. Assim, decidiu o Conselho de Administração rever a proposta de distribuição de dividendos inicialmente apresentada, reduzindo excecionalmente o ‘payout’ a 30% dos resultados consolidados”.
Isto em vez dos 50% previamente anunciados, com esta proposta a representar uma distribuição de 130,1 milhões de euros, a que corresponde um dividendo bruto de 0,207 euros por ação (excluindo as 859 mil ações próprias em carteira).
“O Conselho de Administração não exclui a possibilidade de vir a propor, com base nas reservas livres da sociedade, a distribuição, até ao final do ano, do valor da diferença para o ‘payout’ de 50% inicialmente previsto, se a evolução da situação epidemiológica e os seus impactos o permitirem“, pode-se ler no comunicado enviado às redações.
De igual modo, o “guidance” comunicado a 20 de fevereiro último, aquando da publicação dos resultados relativos ao exercício de 2019, com o grupo a manifestar-se focado em acompanhar “de perto as operações num contexto dinâmico e difícil“, detalha o grupo.
Biedronka cresce vendas em 12,6%
Na Polónia, o ambiente de consumo manteve-se favorável e a inflação alimentar no país foi de 7,7%, nos primeiros três meses do ano, período no qual se registaram menos três dias de vendas face ao primeiro trimestre de 2019, em função da proibição de abertura de lojas ao domingo.
Contexto no qual a Biedronka registou um crescimento de vendas de 12,6%, atingindo os 3,3 mil milhões de euros com uma boa evolução da sua quota de mercado.
Pingo Doce atinge os 936 milhões de euros
Já as vendas do Pingo Doce assinalaram os primeiros sinais de “trading down” com a insígnia a fechar o trimestre com vendas de 936 milhões de euros, um crescimento de 3,5% face ao mesmo período de 2019.
Recorde-se que, devido à pandemia causada pela Covid-19, “o Pingo Doce encerrou totalmente os restaurantes a 18 março, dia em que o Presidente da República declarou o estado de emergência. Face à situação, e através da parceria estabelecida com a Takeaway.com, alargaram-se as zonas de entrega de refeições ao domicílio, passando também a estar permanentemente disponíveis as encomendas do take away – menu “Seleção do Chefe”“.
Recheio estagna
As vendas do Recheio foram as mais prejudicadas pelo fecho do canal Horeca, ao apresentar um ténue crescimento de 0,2% no trimestre, em relação ao mesmo período de 2019, para os 214 milhões de euros. A partir da segunda metade de março, o encerramento obrigatório dos restaurantes e cafés e a paragem da atividade turística “tiveram forte impacto nas vendas da companhia“.
Com a insígnia grossista da Jerónimo Martins a redirecionar a sua operação de “food service” (logística, equipa e serviços de entrega), “para assegurar que entidades como os lares e as instituições sociais continuassem a receber os alimentos e as refeições prontas de que necessitam para alimentar as pessoas que têm ao seu cuidado“, para divulgar este serviço e dar a conhecer a sua oferta, criou a campanha “O Recheio não vai faltar a quem mais precisa”.
De forma a dar resposta ao aumento da procura de soluções de e-commerce com entrega, o Recheio abriu a todos, incluindo ao consumidor final, a possibilidade, sujeita a uma encomenda mínima de 35 euros, de encomendarem na loja Recheio Online e receberem a mercadoria no seu estabelecimento ou residência.