A situação gerada pela pandemia de Covid-19 está a afetar gravemente o sector do luxo que, após uma queda estimada de 25%, no primeiro trimestre, verá esta tendência acelerar no segundo, o que poderá conduzir a uma contração estimada entre 20% e 35%, indica um estudo da Bain & Company.
“Haverá uma recuperação para o mercado do luxo, mas a indústria irá transformar-se profundamente”, indica Claudia D’Arpizio, partner da Bain & Company e autora do estudo. “A crise do coronavírus obrigará a indústria a pensar de um modo mais criativo e a inovar, ainda mais, rapidamente para satisfazer uma grande quantidade de novas exigências dos consumidores e restrições dos canais”.
A Bain & Company assinala que o forte começo de ano em todas as regiões chave (China continental, Europa e América) foi rapidamente mitigado pela imposição de bloqueios e pelo colapso do turismo, que amplificou o declive na Europa. As vendas de luxo no Japão e no resto da Ásia também diminuíram, apesar de a um ritmo ligeiramente mais lento. O estado de espírito do consumidor, a nível mundial, continua a ser moderado.
As vendas online resistiram, enquanto que os modelos tradicionais de lojas operadas diretamente e grandes armazéns experimentaram uma forte queda. “À medida que os consumidores emergem lentamente dos bloqueios, a forma como veem o mundo terá mudado e as marcas de luxo deverão adaptar-se”, indica Federica Levato, coautora do estudo. “A segurança na loja será obrigatória, juntamente com a magia da experiência de luxo: as formas criativas de atrair os clientes à loja ou levar o produto ao cliente marcará a diferença”.
O mercado em 2025
A recuperação do mercado irá demorar. A Bain & Company antecipa que o regresso aos níveis de 2019 não irá ocorrer antes de 2022 ou 2023. O crescimento do mercado retomará, gradualmente, a partir de então, chegando a um valor estimado de 320 mil milhões a 330 mil milhões de euros, em 2025. “A velocidade do crescimento futuro do mercado dependerá das respostas estratégicas dos operadores de luxo à crise atual e da sua capacidade para transformar a indústria em nome do cliente”, afirma Federica Levato.
Os consumidores chineses confirmarão o seu estatuto como compradores mais importantes de produtos de luxo, representando quase metade de todas as compras, em todo o mundo, em 2025.
O canal online, que já experimentou um crescimento de dois dígitos, em 2019, continuará a ganhar quota e representará até 30% do mercado, em 2025.