A rápida expansão internacional do Lidl está a pressionar a sua rentabilidade, pelo que o Grupo Schwarz, detentor da insígnia, quer manter os custos sob controlo.
O Lidl iniciou a sua expansão em 1988 e está agora ativo em 25 países. As atividades internacionais contribuem com 70% das suas receitas totais. De acordo com a auditoria feita pelo Barclays ao último ano fiscal, terminado em fevereiro de 2017, o crescimento está a desacelerar e a rentabilidade está a ser afetada.
As receitas totais desta divisão internacional, que não inclui a atividade na Alemanha, cresceram 6,9% para 41,53 mil milhões de euros, abaixo do crescimento de dois dígitos que vinham a evidenciar nos últimos anos. O Lidl indica que, mesmo assim, este nível de crescimento ficou acima das expectativas. Foram as novas lojas que mais contribuíram para este desempenho. Note-se que, no ano fiscal em questão, as atividades na Lituânia foram consideradas pela primeira vez, mas não estão incluídas as operações nos Estados Unidos da América, onde as primeiras lojas abriram em junho do ano passado.
A margem operacional do Lidl diminuiu para 4,3%, o que ainda é elevado tendo em conta a média da indústria. Não obstante, trata-se do valor mais baixo desde 2012. O retalhista alemão atribui esta descida aos investimentos em novos mercados, mas, de acordo com os analistas, existem ainda outras razões a considerar, designadamente o novo conceito de loja, com uma maior gama de produtos e serviços adicionais.
Os custos com o pessoal aumentaram 11% e representam já 9,11% das receitas. Mesmo assim, trata-se de um nível mais baixo do apresentado por operadores como a Ahold Delhaize (11,5%), Sainsbury’s (11%) ou Carrefour (10,8%).
No ano fiscal 2016-2017, o investimento do Lidl mais que duplicou comparativamente com o exercício anterior, dos 2,8 mil milhões para os sete mil milhões de euros, com uma fatia considerável a ser direcionada para o imobiliário.
O retalhista alemão acredita num desenvolvimento positivo no atual exercício, com um crescimento moderado das receitas graças à modernização da rede de lojas e à expansão para o mercado norte-americano, que, em contrapartida, gerará uma descida nos lucros líquidos. De acordo com os analistas do Barclays, o Grupo Schwarz vai agora focar-se na rentabilidade e disciplina financeira. O CEO Klaus Gehrig anunciou que o Lidl necessita de se simplificar. Ao Planet Retail, adiantou que os novos supermercados são “palácios de vidro” e criticou as entradas demasiado amplas e a ausência de gestão de custos. A decisão de nomear Jesper Hojer como novo CEO do Lidl, em fevereiro do ano passado, juntamente com a menor presença online, apontam para esta abordagem mais direcionada para os custos.