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Sector de bens de consumo duradouro regista aumento de vendas
2017-04-03

O sector de bens de consumo duradouro registou, em 2016, um aumento no valor de vendas na maioria dos mercados mundiais, fenómeno que se irá repetir em 2017.

Apesar deste crescimento, de acordo com o mais recente relatório divulgado pela Crédito y Caución, o sector enfrenta enormes tensões internas resultantes da profunda transformação que está a sofrer a nível global. De acordo com o estudo realizado pela seguradora de crédito, os retalhistas trabalham com margens cada vez mais reduzidas, num ambiente de concorrência feroz, exacerbada pelo crescente desafio do comércio online. O sucesso e a resiliência do negócio a retalho dependem, cada vez mais, da sua capacidade para adotar novas estratégias e oferecer serviços adicionais, o que requer vontade de mudança e investimento. A volatilidade do ambiente em mudança pode afetar os operadores do sector, independentemente da sua dimensão, da sua presença no mercado ou do êxito das suas estratégias comerciais passadas.

Em Espanha, as margens do sector e o ambiente em termos de insolvências mantiveram-se estáveis em 2016. Os prazos de pagamento variam entre os 60 e os 90 dias, mas podem estender-se até aos 120. As vendas de bens de consumo duradouro cresceram impulsionadas pelo aumento do PIB, pelo crescimento do consumo privado, pelo aumento da confiança dos consumidores, baixa inflação e uma maior disponibilidade de crédito ao consumo. No entanto, o abrandamento do crescimento das vendas, que começou no segundo semestre de 2016, e a elevada dependência sectorial ao crédito ao consumo, são motivos de cautela.

Na China, o ritmo de crescimento das vendas de bens de consumo duradouro acelerou a partir do segundo semestre de 2016, uma tendência que provavelmente irá manter-se em 2017. Em novembro, o governo chinês anunciou políticas de apoio para melhorar o ambiente de negócios dos retalhistas, como a melhoria do acesso ao crédito bancário. A China está prestes a converter-se no maior mercado de e-commerce no mundo. Em 2016, as compras de eletrodomésticos online totalizaram mais de 25 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 35%. Os pagamentos neste sector são feitos a 60 dias e as insolvências são baixas.

Em França, as vendas neste sector aumentaram em 2016 em linha com a recuperação do mercado imobiliário. Contudo, este crescimento abrandou no segundo semestre. A eletrónica de consumo cresceu 2% em 2016, após cinco anos de declínio, impulsionada pela venda de televisores. O sector caracteriza-se pela resistência num ambiente de mercado muito competitivo, com uma pressão significativa sobre os preços de venda, o que explica a sua baixa rentabilidade. As previsões para 2017 são incertas, uma vez que a confiança dos consumidores está afetada pela incerteza institucional. Nos últimos dois anos, registou-se uma concentração sectorial, com alianças ou expansão de franchisados, com o objetivo de ampliar a presença geográfica. Os pagamentos no sector têm uma média de 45 dias e não se prevê que essa média aumente em 2017. A concorrência vai continuar feroz e as insolvências deverão estabilizar em 2017.

Em 2016, o sector retalhista britânico continuou a crescer em consequência do aumento do consumo privado, motor do crescimento económico no Reino Unido. As vendas online, que representam 15% do mercado, voltaram a estar especialmente dinâmicas, com um crescimento superior a 20%. Espera-se, no entanto, que 2017 seja um ano mais difícil para os bens de consumo duradouro devido à pressão sobre os preços, à situação da libra e à incerteza que rodeia o futuro do Reino Unido. A relação com a União Europeia está a pesar sobre as despesas de investimento, levando as empresas a atrasar contratações e aumentos de salários e ao abrandamento do crescimento de vendas. Os pagamentos no sector são realizados a 60 dias e espera-se que as insolvências aumentem ligeiramente, com a crescente incerteza económica.

Nos Estados Unidos, onde o sector retalhista representa dois terços do PIB e emprega quase 16 milhões de pessoas, as vendas online cresceram 14% em 2016, o maior crescimento nos últimos cinco anos. As perspetivas para 2017 quanto às vendas de bens de consumo duradouro continuam positivas, devido à solidez do consumo privado impulsionado pelo mercado imobiliário e ao crescimento do emprego e dos salários. Apesar disto, em 2017, os retalhistas norte-americanos de bens duradouros vão continuar a enfrentar um ambiente de negócios muito competitivo, com novas pressões provocadas pelas mudanças de preferências dos consumidores e pelo dinamismo do crescimento do canal online.


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L.Branca/PAE

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