Portugal e Espanha vão liderar as preferências dos investidores imobiliários em 2017
De acordo com os últimos dados revelados pela Cushman & Wakefield, o investimento imobiliário comercial na Europa continuará forte em 2017. Os principais riscos que a economia mundial enfrenta são essencialmente geopolíticos, facto que beneficiará o sector imobiliário pelo seu estatuto de porto seguro face ao aumento de risco esperado para o mercado de dívida pública.
No estudo “O Futuro do Investimento Imobiliário”, as previsões da Cushman & Wakefield apontam para um crescimento dos volumes de investimento imobiliário na Europa na ordem dos 6%, bem como para uma evolução positiva dos preços, esperando-se uma subida das rendas entre 2% a 3% e nova contração de yields na ordem dos 30 a 40 pontos base. A elevada participação dos capitais norte-americanos no mercado europeu deve diminuir em 2017, dado o esperado enquadramento de subida de taxas de juro, sendo substituída por capitais asiáticos e do Médio Oriente.
2017 será um ano com alguma instabilidade política e económica à medida que os resultados do referendo do Reino Unido e das eleições presidenciais dos Estados Unidos da América começarem a ter efeitos reais e a influenciar os mercados. A instabilidade do sistema bancário persiste na Europa e pode emergir na China, enquanto as próximas eleições em França, Alemanha e Holanda podem trazer outras implicações para o futuro da União Europeia.
A publicação identifica os mercados que oferecem investimentos com crescimento estável e que continuarão a atrair mais investidores. As localizações alvo na Europa voltarão a ser os mercados core, com Paris, Berlim, Frankfurt, Londres e Amesterdão a liderar a captação de investimento. Os mercados periféricos que demonstrem uma evolução económica sólida, estabilidade política e qualidade de produto estarão também no radar.
Neste enquadramento, a cidade de Lisboa encontra-se bem posicionada, tanto no sector de escritórios - que revela um notável comportamento na atividade ocupacional - bem como em retalho, tendo em conta a qualidade dos ativos nacionais. A reabilitação urbana é outra das tendências identificadas para 2017 e, neste âmbito, a cidade de Lisboa surge também como uma alternativa, oferecendo um vasto conjunto de oportunidades a preços competitivos à escala europeia.
Os mercados da Europa do Sul deverão ter uma quota de mercado em 2017 na ordem dos 11% (face aos 10% atingidos em 2016), sendo Portugal e Espanha os mais populares. A evolução positiva do mercado ocupacional, o aumento das rendas em 2016, o crescimento do turismo e a crescente atratividade da cidade de Lisboa como destino europeu são alguns dos fatores que irão beneficiar a captação de investimento estrangeiro.
Em Portugal, as expectativas para a atividade de investimento imobiliário apontam para uma manutenção de volumes acima dos mil milhões de euros, sendo muito provável que se ultrapasse o valor transacionado em 2016, cerca de 1.300 milhões de euros, que foi já o segundo mais alto de sempre. Os valores de mercado deverão refletir movimentos menos agressivos que os esperados para o resto da Europa, essencialmente ao nível das yields que devem manter-se estáveis ao longo de 2017.
Já o ano de 2016 voltou a ser um dos melhores anos da última década para o mercado imobiliário em Portugal, sendo apenas superado pelos níveis históricos atingidos em alguns segmentos no ano anterior. A conclusão é de um novo estudo “Market 360°” apresentado pela consultora imobiliária JLL.
A habitação e a hotelaria foram as áreas de maior crescimento em 2016, com uma evolução bastante positiva nos seus principais indicadores de performance, incluindo no volume de vendas, preço e lançamento de novos projetos. Ainda no mercado ocupacional, o retalho e os escritórios mantiveram os níveis de atividade entre os melhores da década, mas, de acordo com o estudo, a crescente escassez de oferta de qualidade acabou por limitar um crescimento mais acentuado destes segmentos. Na área de investimento, a tendência é semelhante, mantendo-se uma forte procura por ativos prime, que acabou por não se concretizar em maior volume transacionado, devido, em parte, à falta de oferta adequada aos requisitos dos investidores. Na promoção imobiliária, os projetos de reabilitação nos centros históricos de Lisboa e Porto continuaram a dominar. “O imobiliário português está a atravessar um momento notável, apresentando indicadores muito saudáveis. Na verdade, se mais indústrias em Portugal apresentassem este desempenho, seríamos certamente um dos países mais robustos da União Europeia. Em 2016, voltámos a superar a barreira dos mil milhões de euros e o forte interesse dos investidores por imobiliário português está instalado. Também nos sectores ocupacionais, que sustentam esta boa dinâmica do investimento, o ano foi muito positivo, com uma procura muito ativa nos escritórios e no retalho e um ritmo absolutamente extraordinário quer de vendas quer de aberturas nos segmentos residencial e de hotelaria”, começa por comentar Pedro Lancastre, diretor geral da JLL. “Tudo indica que este momento é para durar, sobretudo se soubermos perceber e apoiar as estratégias de investimento dos 'players' que estão atentos ou a atuar em Portugal e desde que se garanta estabilidade fiscal. O barómetro de liquidez do imobiliário comercial indica que, considerando os negócios que estão em pipeline, 2017 poderá ser o terceiro ano, em dez anos, que se supera a barreira dos mil milhões. Nos mercados ocupacionais, a procura deverá também manter-se ativa e, do lado da oferta, é necessário começar a reforçar a aposta na promoção nova, especialmente nos escritórios e na habitação de gama média. A par da estabilidade política e económico-financeira, este será um dos desafios do mercado em 2017, um ano em que o desenvolvimento imobiliário de grandes terrenos em Lisboa, como a Feira Popular, Amoreiras e Alcântara, poderá também abrir novas oportunidades para o mercado. São projetos de grande escala que exigirão promoção de raiz e que são estruturantes para a cidade”, diz Pedro Lancastre.