8,1 milhões de m2 de novos centros comerciais esperados na Europa até ao final de 2017
Até ao final de 2017, serão adicionados 8,1 milhões de metros quadrados de centros comerciais na Europa, com os promotores a procurarem diferenciar a sua oferta com uma aposta mais abrangente na componente de lazer.
Estas são as conclusões da última edição do European Shopping Centre Development, publicado semestralmente pela Cushman & Wakefield.
Se todos os projetos forem concluídos, como previsto, no final de 2017, o total de espaço de centros comerciais na Europa será de 164,4 milhões de metros quadrados. “Esta é uma altura especialmente interessante no mercado dos centros comerciais. Estamos num momento de mudança de paradigma, em que os desafios que a indústria dos centros comerciais enfrenta - liderados pelo crescimento exponencial do e-commerce - obrigam à criação de novos conceitos de centros que tenham a capacidade de atrair o consumidor, indo muito mais além de uma simples oferta diversificada. Os proprietários de centros comerciais fazem um esforço cada vez maior para perceber as motivações e comportamentos dos seus clientes, de forma a assegurar a sua relevância. Esta tendência tem-se refletido na promoção de novos espaços comerciais na Europa que cada vez mais apostam em elementos inovadores para atrair consumidores que procuram proporcionar essencialmente experiências e não apenas consumo”, explica Marta Esteves Costa, associate e diretora de research & consultoria da Cushman & Wakefield,
Na Europa Ocidental são esperadas aberturas de 1,4 milhões de metros quadrados no segundo semestre. Este aumento do número de aberturas na segunda metade do ano irá quase triplicar o valor do primeiro semestre, perfazendo o valor de novos espaços, no ano de 2016, 1,9 milhões de metros quadrados. Isto representa um aumento de 25% em relação a 2015, estando mais 1,7 milhões previstos até ao final de 2017.
França domina o pipeline de novos centros comerciais, com aberturas previstas de 800 mil metros quadrados até ao final de 2017, dos quais 140 mil metros quadrados serão na região da Grande Paris. Na Europa Central e de Leste, a atividade de promoção também irá crescer com 2,4 milhões de metros quadrados e 2,6 milhões esperados na segunda metade de 2016 e em 2017, respetivamente.
A Rússia é o país com mais inaugurações até 2017, incluindo o centro Vegas III em Moscovo que terá 120 mil metros quadrados.
Portugal não acompanhou a tendência de forte crescimento da oferta sentida a nível europeu, apesar de se ter verificado a partir de 2014 uma ligeira retoma. No primeiro trimestre deste ano, a Caixa Geral de Depósitos inaugurou em Braga o centro Comercial Nova Arcada, com um total de 68.500 metros quadrados. Em 2017, espera-se a inauguração do que virá a ser o maior conjunto comercial do Algarve, o Mar Shopping Algarve, promovido pela Inter IKEA e que contará com uma área comercial total de 83 mil metros quadrados composta por um centro comercial (com 66 mil metros quadrados) ancorado por uma loja IKEA e um outlet.
Ainda no Sul, e constituindo o único outro centro comercial em construção, irá abrir o tão aguardado Évora Shopping, que trará a esta cidade o seu primeiro centro comercial. O projeto, propriedade da Evret, contará com 16 mil metros quadrados de Área Bruta Locável e tem inauguração prevista para final de 2017.
Ao nível da atividade de investimento, no entanto, Portugal mantém-se em destaque à escala europeia, sendo um dos países que maior interesse tem vindo a registar no sector de centros comerciais. No entanto, a relativa escassez de produto disponível tem vindo a limitar a conclusão de negócios.
Em 2016, os ativos de retalho portugueses captaram 430 milhões de euros de investimento, valor substancial mas quase 50% abaixo do volume captado em 2015, que rondou os mil milhões de euros. Esta escassez de produto, aliada a uma intensa procura, permitiu uma nova valorização dos centros comerciais nacionais, cujas yields se encontram hoje nos 5,25% com uma tendência de descida até ao final do ano. “As perspetivas de futuro para o sector em Portugal são muito animadoras. Ao nível da oferta, o potencial do mercado irá permitir novas apostas em projetos, essencialmente de pequena dimensão e com um perfil de proximidade. No caso dos centros existentes, espera-se um crescimento da aposta dos proprietários na melhoria dos seus centros, estando cada vez mais disponíveis para neles investir, adaptando-os às novas exigências dos consumidores”, comenta Marta Esteves Costa. “No que se refere à atividade de investimento, o ano de 2017 tem todas as possibilidades de atingir um novo recorde em termos de atração de capital no sector de retalho. Confirmando-se estas expectativas, as yields poderão mesmo atingir um mínimo histórico em 2017, passando a barreira dos 5% e atingindo os centros comerciais portugueses o valor mais alto de todos os tempos”, conclui.