Os portugueses, à semelhança de 2014, demonstram elevada prudência na alocação do seu orçamento para a quadra natalícia. A conclusão é do Estudo de Natal 2015 da Deloitte que revela, ainda, que este ano as famílias preveem um gasto total de 315 euros por lar, menos 5,6% face ao ano anterior.
“Desde 2008 que as expectativas de orçamento para a quadra natalícia têm vindo a diminuir em Portugal. No entanto, em 2014, o orçamento real de gasto inverteu a trajetória de queda, tendo-se verificado um aumento real face ao ano de 2013. Em todo o caso, existe um novo padrão de gastos na quadra natalícia, passando dos 600 euros do período pré-ajustamento para um novo normal, cujo valor varia entre os 300 e 400 euros”, destaca Nuno Netto, partner de consultoria da Deloitte.
Este orçamento será repartido pelos presentes (143 euros), pela alimentação e bebidas (118 euros) e pelas atividades de socialização (54 euros).
À semelhança do ano de 2014, o receio da deterioração da economia é o principal motivo para os europeus diminuírem os seus gastos no Natal, enquanto que para os portugueses a diminuição do rendimento líquido é o fator mais penalizador. O receio face ao futuro da economia é o segundo motivo para diminuir o orçamento de Natal.
Os portugueses que têm a expectativa de aumentar o seu orçamento nesta época festiva referem as promoções (41%) como o principal incentivo para o fazerem. Na Europa, o principal motivo para aumentar os gastos no Natal é o desejo de evitar pensar na crise e tirar partido da quadra natalícia (39%).
Em Portugal, a tendência de melhoria do sentimento face à situação económica do país é mais acentuada do que na Europa. Em 2015, 55% dos portugueses avaliam como negativa a situação do país, face aos 72% em 2014 ou aos 83% em 2013, mas ainda aquém dos 45% registados em 2009. Este ano, 16% dos portugueses já classificam como positiva a situação económica por comparação com os apenas 7% que assim a qualificavam em 2014.
Apenas 37% dos europeus acredita que o atual estado da economia é negativo, em comparação com os 48% e os 55% de 2014 e 2013, respetivamente. A tendência de melhoria mantém-se face aos anos de 2008-2014, regressando aos níveis de 2006-2007, quando precisamente 37% dos europeus classificava a situação económica como negativa.
Quanto às expetativas para 2016, o país tem a melhoria mais significativa de toda a Europa. Em Portugal, o saldo líquido melhora dos 25% negativos em 2014, face às expectativas para 2015, para os 3% negativos, face às expetativas para o ano de 2016. A nível europeu, as expectativas também melhoram. O saldo líquido entre expectativas positivas e negativas relativamente a 2016 é de -5%, face aos -19% registados em 2014 relativamente ao ano de 2015. “Estes dados vêm confirmar que os consumidores ajustaram o seu padrão de consumo, mostrando realismo face à evolução do contexto económico do país. Notámos que existe a expectativa de que maiores dificuldades e desafios estarão ultrapassados e, por isso, o futuro é encarado de uma forma significativamente mais otimista”, refere Nuno Netto.
Tanto os europeus como os portugueses mantêm a perceção de diminuição do seu poder de compra, muito embora se note uma inversão de tendência. De facto, Portugal apresenta a maior evolução de expectativas da Europa, seguido de Espanha e Itália. Cerca de 20% dos portugueses inquiridos espera diminuir o seu poder de compra para o ano de 2016, comparativamente com os 25% em relação ao ano passado. O saldo líquido entre respostas positivas e negativas melhora significativamente para os 5% positivos face aos -3% registados em 2014 ou aos -44% no ano de 2013.
Os impostos mantêm a liderança como principal categoria a absorver o orçamento dos europeus, com 35% a afirmar que gastou uma maior percentagem do seu rendimento em impostos, face aos 38% de 2014. Tal como em 2014, os bens essenciais como a alimentação, energia e saúde perfazem o pódio das categorias que mais absorvem o orçamento dos europeus. Em Portugal, a carga fiscal é a categoria que mais cresce, com 37% dos portugueses a afirmar que gastou mais do seu orçamento em impostos, verificando-se no entanto uma diminuição face aos 44% registados em 2014.
A predisposição dos portugueses para reduzirem mais os seus gastos, caso seja necessário, é superior à média dos europeus nas despesas irregulares, entretenimento, vestuário e férias. No entanto, nas categorias de educação, bens essenciais, habitação e saúde, os portugueses, à semelhança do verificado no ano de 2014, resultado do forte reajustamento concretizado nos últimos anos, já demonstram uma maior resistência para cortar face aos congéneres europeus.