O primeiro dia do julgamento que opõe o El Corte Inglés a alguns membros da família Areces resultou na “contabilização a zero” da cadeia de distribuição espanhola, por se tratar de um valor intangível, segundo adiantou ontem Carlos Martínez Echevarría, conselheiro delegado do El Corte Inglés.
De acordo com o jornal El Mundo, Carlos Martínez Echevarría afirmou que as únicas mais valias patrimoniais contabilizadas pela empresa “são as do solo”, detalhando no entanto que o El Corte Inglés “possui 60 centros comerciais situados nas melhores zonas”.
Por seu lado, os advogados da acusação apresentaram um relatório de uma auditoria realizada pela Interbrand que valoriza a marca El Corte Inglés em 1.600 milhões de euros e consideram que nos 2.500 milhões de euros de valor patrimonial estabelecido pelos auditores da empresa “não se inclui o valor dos imóveis”. Segundo os especialistas chamados pela acusação, o património total ascende a 12 mil milhões de euros.
A disputa jurídica prende-se com um artigo dos estatutos, modificado na última assembleia geral de accionistas, que se refere à responsabilidade pela fixação do preço do El Corte Inglés, em caso de disputa, e à limitação da venda destas acções. César Areces, um dos irmãos Areces Fuentes que interpôs a acção judicial contra o El Corte Inglés, solicitou a venda de 0,67 por cento do capital por 194,6 euros por título, o que significa multiplicar por 30 o valor que o El Corte Inglés se propõe a pagar pela sua participação. A cadeia de distribuição pretende adquiri-la de acordo com o valor registado nos livros, de seis euros à unidade, e não de acordo com o valor de mercado.
Os irmãos Areces Fuentes pretendem que seja o tribunal a decidir sobre o valor das acções e não o perito independente designado pelo Conselho de Administração do El Corte Inglés. O julgamento iniciou ontem, em Madrid.