A procura de lojas de luxo no mercado europeu registou uma evolução muito positiva entre Janeiro e Junho de 2013, com as rendas “prime” a subirem 5,7% de acordo com a informação divulgada pela consultora Cushman & Wakefield (C&W). Este aumento das rendas nas principais localizações de luxo na Europa superou claramente a evolução registada nas zonas de retalho “mass market”, que se cifrou em apenas 1,3%.
Segundo Marta Esteves Costa, “associate” e directora de “research” & consultoria da Cushman & Wakefield em Portugal, “o mercado de retalho na Europa tem-se fortalecido devido à ligeira melhoria sentida nas principais economias. As localizações de luxo foram as principais impulsionadoras do crescimento das rendas comparando com as localizações de retalho “mass market” que, embora tenham igualmente crescido, não o fizeram de uma forma tão evidente como as primeiras. O turismo continua a ter um importante papel nesta evolução positiva do retalho de luxo, tendência que deve manter-se no futuro, particularmente nas principais cidades europeias”.
A Europa continua a ser um mercado de extrema relevância para as marcas de luxo internacionais, contribuindo com 30 a 40% para o total das vendas a nível mundial. França, Reino Unido, Itália e Suíça são os mercados com maior peso nas vendas a nível europeu, sendo também nestas localizações que estão instaladas as fábricas das principais marcas.
A localização para retalho mais cara na Europa voltou a ser a avenida dos Champs-Élysées em Paris, onde se assistiu a um aumento nas rendas na ordem dos 38,5%. No Reino Unido, onde a procura por parte de marcas de luxo internacionais continua a aumentar, as rendas na New Bond Street em Londres aumentaram 15,6%, sendo a segunda localização mais cara da Europa. A Via Montenapoleone em Milão, que alberga marcas como Dior, Gucci, Louis Vuitton e Prada, ficou em terceiro lugar, registando um aumento nas rendas de 7,1%.
Em Portugal é também visível um maior interesse por parte dos retalhistas de luxo no comércio de rua, em particular na Avenida da Liberdade em Lisboa, o principal destino de luxo do país. Instalaram-se nesta zona importantes nomes do mercado de luxo internacional, como são a Cartier, Max Mara, Marc Jacobs, Miu Miu ou Officine Panerai. No Porto, as marcas Max Mara e Hugo Boss abriram também novas lojas sob as insígnias Max & Co e Hugo, ambas na zona dos Clérigos, no recém-inaugurado projecto Passeio dos Clérigos.
A tendência de maior interesse no mercado de rua em Portugal deve manter-se ao longo de 2014, e mesmo intensificar-se, sendo várias as marcas de luxo que se encontram actualmente em processo de procura de lojas no nosso mercado. “O impacto na evolução das rendas decorrente desta procura mais intensa foi já sentido em Lisboa ao longo de 2013 e poderá continuar ao longo do ano seguinte. A oferta de lojas de rua nas cidades portuguesas é muito menos elástica que a dos conjuntos comerciais, resultando a escassez de espaços não só num crescimento dos valores praticados, mas também numa extensão das localizações de comércio de rua. Casos destes são o Chiado, onde há muito a procura já não é só limitada à Rua Garret, ou mesmo na Avenida da Liberdade, cujos núcleos de comércio já não se limitam apenas ao coração da Avenida, estendendo-se já a norte em direcção Marquês de Pombal e a sul na direcção da Praça dos Restauradores”, acrescenta Marta Esteves Costa.
Segundo os últimos estudos da Cushman & Wakefield, a Europa vai continuar a conservar o seu estatuto de maior e mais prestigiado mercado de luxo a nível global no curto-médio prazo, independentemente do recente interesse das marcas por mercados emergentes como a Ásia ou América do Sul. As localizações “prime” em França, Reino Unido e Itália vão continuar a ser as mais procuradas e a falta de espaço disponível para arrendamento nestes locais será colmatada pelo aparecimento de novos pontos de interesse nas cidades – muitas vezes adjacentes às principais artérias.
A par com a tendência de crescimento da sua rede de lojas, os retalhistas estão também a investir nos espaços já existentes, expandindo, renovando e reinventando as unidades que ocupam, processo que resulta em espaços comerciais cada vez maiores e mais sofisticados.