65% dos portugueses diz ter perdido poder de compra comparativamente com o ano passado. Uma conclusão que integra um estudo do Observador Cetelem lançado recentemente e, segundo o qual, a percepção dos consumidores para o ano que vem também não é animadora: 58% espera ver os seus rendimentos ainda mais contraídos em 2014.
Só 26% refere ter mantido o poder de compra, enquanto uma minoria (3%) se sente mais rica, face a 2012.
A evolução negativa da percepção do poder de compra não é indissociável da entrada da Troika em Portugal. Confrontados com aumentos de impostos e alguns cortes nas despesas sociais, os portugueses têm observado uma retracção dos seus rendimentos e, ao mesmo tempo, têm uma negativa percepção da evolução dos mesmos.
Os mais pobres são os que se sentem mais afectados. Dos indivíduos da classe D, nenhum diz ter observado melhorias no seu rendimento em 2013 e 86% nota ter ficado ainda pior. São também os que menos esperança têm no futuro: nenhum espera ver os seus rendimentos melhorados em 2014 e 77% espera mesmo perder dinheiro. Por outro lado, os indivíduos de classe alta (Classe AB) são os que menos se queixam do impacto da crise no seu bolso. Apesar disso, 51% diz ter menor poder de compra do que em 2012, sendo que a maioria (51%) espera perder rendimentos em 2014. Destes últimos, 3% estão mais ricos em relação ao ano transacto e 2% espera vir a sofrer uma melhoria nos seus rendimentos.
No que toca à faixa etária, os indivíduos entre os 55 e os 65 anos são os que mais se queixam de ter perdido dinheiro face a 2012: 77% dos portugueses desta faixa etária dizem estar mais pobres. São também os que têm a pior percepção em relação a 2014, já que 70% espera ver a sua situação piorar. Os mais jovens (entre os 18 e os 24 anos) são os menos afectados. “Apenas” 55% diz ter perdido poder de compra e menos de metade (49%) espera ver o seu rendimento diminuído em 2014, conclui o estudo do Observador Cetelem.
Os portuenses são, de longe, os que mais se queixam das consequências da austeridade: 79% diz ter perdido dinheiro em 2013 e 74% viu a situação piorar no próximo ano. Dos habitantes de Lisboa, 70% diz ter visto os seus rendimentos diminuídos em relação ao ano anterior. Contudo, 10% aumentou o poder de compra, uma percentagem bastante superior à média nacional. São também mais optimistas: a percentagem de lisboetas que espera perder dinheiro em 2014 baixa para 54%. São 9% os que julgam vir a aumentar o seu poder de compra no próximo ano.