A Haier pôs termo à sua aliança com a Fagor na Polónia, pelo não cumprimento de uma série de condições estabelecidas no acordo subscrito em Setembro passado, comunicou a cooperativa à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) espanhola.
A “joint-venture” com a Haier era uma das esperanças da Fagor Electrodomésticos para a sua unidade polaca e, segundo informações que têm circulado na imprensa espanhola e francesa, também para outras unidades noutros países, nomeadamente em França, país onde a Haier tem a sua sede europeia e onde a filial FagorBrandt corre sérios riscos de, à semelhança da unidade polaca, apresentar o concurso de credores muito em breve.
Com uma facturação global de 25.800 milhões de dólares no ano de 2012, a Haier é a maior marca chinesa de electrodomésticos e está a tentar tomar uma posição no mercado europeu, daí a aliança com a Fagor. Para esta, o acordo com a empresa chinesa inscrevia-se no âmbito do seu plano estratégico para 2013-2016, que contemplava a busca de alianças estratégicas com sócios internacionais. Daqui resultaria a criação de uma empresa mista, controlada em 51% pela Haier e 49% pela Fagor, cujo primeiro projecto seria a construção de uma nova fábrica de frigoríficos em Wroclaw, na Polónia, num investimento de 56 milhões de euros onde a Fagor contribuiria com os seus activos imobiliários, maquinaria e moldes.
O problema e a raiz deste termo por parte da Haier à joint-venture é que a Fagor teve de apresentar o concurso voluntário da filial polaca, para evitar que os credores solicitassem a sua insolvência.
A Fagor também já reconheceu que entrará em concurso de credores brevemente se não conseguir financiamento. Em comunicado para a CNMV, a cooperativa assume que não descarta solicitar este concurso antes de se esgotar o prazo de quatro meses que o pré-concurso onde está enquadrada concede caso não consiga um financiamento a curto prazo. O comunicado indica textualmente que “a Fagor continuar a fazer tudo o que está ao seu alcance para conseguir o refinanciamento das suas dívidas e a materialização das alternativas viáveis para sair da situação actual” (de pré-concurso), mas que, não obstante, “considera oportuno dar conhecimento aos mercados que, na eventualidade destas acções não se traduzirem, a curto prazo, na obtenção de fundos que permitam uma melhoria da situação de tesouraria, suficiente para a manutenção da actividade ordinária, não descarta solicitar o concurso de credores com carácter prévio ao fim do prazo do pré-concurso”.
No que toca ao seu financiamento, restam poucas alternativas ao Grupo Fagor, dado que a Corporación Mondragón recusou o plano de viabilidade apresentado e negou o financiamento de 171 milhões de euros necessários a curto prazo para implementar o referido plano e evitar assim a liquidação de toda a empresa. A intervenção do governo basco pressupunha o aval da Corporación Mondragón.