O plano de viabilidade para que a Fagor possa sair da situação de protecção de credores prevê o encerramento das fábricas de frio e a colocação do pessoal excedente no Grupo Mondragón, segundo afirmou Sergio Treviño, director geral da Fagor Electrodomésticos, em entrevista à ETB, a televisão pública basca.
De acordo com o responsável máximo da Fagor, o objectivo da cooperativa é manter e concentrar-se nas actividades rentáveis. Sergio Treviño precisa que o pretendido é garantir que a Fagor continue a existir e se dedique à actividade de electrodomésticos, especialmente de encastre e cocção. “Não deixará de ser generalista mas terá uma maior actividade vinculada ao encastre”.
Nalguns casos, o plano de viabilidade da Fagor prevê o encerramento de fábricas e abandono da actividade, como acontece com os frigoríficos. Nas fábricas localizadas no estrangeiro prevalece o mesmo tipo de filosofia em termos de reestruturação e todos os produtos que não possam ser fabricados com margem e ter rentabilidade serão deslocalizados ou abandonados.
Em comunicado, a Fagor explica que está à procura de novas vias de financiamento que permitam responder às suas obrigações para com os credores e manter a sua actividade produtiva, decisão que permitirá salvaguardar o modelo cooperativo que a caracteriza. A empresa assinala que a impossibilidade de cumprir os objectivos de vendas definidos, devido à forte contracção num dos seus mercados principais, levou a que tivesse de solicitar o pré-concurso de credores. A Fagor reconhece que a sua responsabilidade face à dívida está limitada ao aumento de capital social, pelo que o seu património não está em risco. A responsabilidade de cada um dos sócios restringe-se ao seu capital no seio da cooperativa.
No que concerne os seus recursos humanos, no panorama de fundo deste plano de viabilidade está o futuro de milhares de pessoas. Na referida entrevista à televisão pública basca, Sergio Treviño assumiu que recolocar, noutras empresas do grupo, toda esta massa laboral é uma tarefa complicada mas que pode ser levada a cabo. No comunicado, a Fagor reconhece que está preocupada com as consequências que todas estas decisões possam ter no futuro dos trabalhadores do grupo, cerca de 5.600 pessoas em 20 países. Neste momento, 80% dos trabalhadores Fagor e Edesa em Espanha estão em situação de desemprego, tendo já sido iniciado o processo da sua colocação noutras cooperativas de Mondragón. Fora de Espanha, as fábricas da Fagor Brandt em França (cinco unidades e um total de dois mil trabalhadores) e da Fagor Mastercook na Polónia estão paradas, aguardando o resultado do processo de busca de financiamento empreendido pela direcção da cooperativa.
A Fagor indica ainda que, no âmbito global, mantém activa a actividade comercial de todas as suas marcas em todos os mercados onde opera, assim como os serviços pós-venda e as garantias dos produtos. A Revismarket soube, de fonte segura, que a Fagor Portugal está em profundas reestruturações mas, não havendo confirmação oficial das mesmas, não é possível adiantar mais informações sobre o futuro da filial portuguesa.