As mudanças na indústria produtiva criarão maior complexidade e mais desafios para as empresas de produção, mas aumentarão as oportunidades para os investidores e promotores imobiliários, indica um novo estudo da Jones Lang LaSalle. O relatório destaca que a impressão tridimensional (prototipagem rápida) irá transformar determinadas partes do processo produtivo, bem como a natureza das fábricas e das cadeias de distribuição.
Embora esteja ainda a dar os primeiros passos, a impressão 3D tem potencial, a longo-prazo, para desencadear o que alguns especialistas já apelidaram de “nova revolução industrial”. A capacidade de “imprimir” objectos à escolha poderá mudar radicalmente a forma como e onde os processos produtivos se desenvolvem, assim como o tipo de instalações que as empresas exigem.
A impressão 3D ou prototipagem rápida é uma forma de tecnologia de fabricação aditiva onde um modelo tridimensional (objecto) é criado por sucessivas camadas de material. A tecnologia é usada em diversos ramos de produção, como joalharia, calçado, design de produto, arquitectura, indústria automóvel, aeroespacial e indústrias de desenvolvimento médico.
Em vez de uma produção em massa, a impressão 3D foca-se na customização; em vez de deslocalização internacional, a impressão 3D deverá encorajar uma produção mais local e próxima do mercado. De acordo com Jon Sleeman, director de EMEA Logistics & Industrial Research na Jones Lang LaSalle, a impressão 3D irá mudar a natureza das fábricas em algumas indústrias. Em vez de fábricas de grande dimensão feitas à medida, este processo irá incentivar uma procura para edifícios de pequena e média dimensão mais estandardizados, que as empresas irão preferir arrendar em detrimento da compra. Em resultado, emergirão novas oportunidades para investidores e promotores imobiliários.
As dinâmicas que influenciam a localização da capacidade produtiva - incluindo questões como a deslocalização para países em desenvolvimento, a relocalização para os países de origem ou uma deslocalização para países mais próximos - estão também em mudança. O relatório refere que, embora a deslocalização para países em desenvolvimento tenha sido uma tendência importante, há muitas indústrias que se caracterizam por um foco predominantemente local ou regional, têm inerentemente menor mobilidade e podem ter um forte racional para permanecer em economias de custos mais elevados. Adicionalmente, nos últimos dois a três anos, existem sinais de que o ritmo da deslocalização para países em desenvolvimento está a abrandar, e mesmo alguma evidência de relocalização para os países de origem das empresas produtivas, especialmente nos Estados Unidos, mas também na Europa. Estas tendências revelam uma maior compreensão dos “custos escondidos” mais abrangentes associados à produção em mercados internacionais, incluindo a dilatação dos prazos de entrega para responder aos clientes e a exposição a riscos nas cadeias de distribuição.
De acordo com Jon Sleeman, “a evolução da indústria está a motivar a procura para um conjunto de imóveis em toda a cadeira de valor, incluindo instalações para I&D - muitas vezes localizadas junto à produção - e espaços logísticos que apoiam o processo produtivo. Nos últimos cinco anos (2008-2012), as empresas de produção geraram directamente 16 por cento do total de absorção de imobiliário logístico em 11 dos principais países europeus, evidenciando o peso da indústria como fonte de procura para este tipo de imobiliário”.
A Europa atrai um volume substancial de investimento directo estrangeiro (IDE) na indústria (um quarto do volume global, ao longo dos últimos 10 anos). Nos 27 países da União Europeia, o valor acrescentado bruto da indústria deverá crescer em termos reais em cerca de 15 por cento entre 2011 e 2021, de acordo com estimativas independentes. A Europa tem uma elevada diversidade de indústrias produtivas altamente competitivas, muitas vezes concentradas geograficamente em "clusters", o que gera uma forte procura para o imobiliário. As economias da Europa Central e de Leste continuarão a ser localizações atractivas para as indústrias que sirvam os mercados europeus, na medida em que combinam custos relativamente baixos com uma mão-de-obra com boas competências e acesso aos mercados. A Rússia, o maior destino europeu de investimento directo estrangeiro no segmento industrial nos últimos 10 anos, poderá atrair mais indústria para servir os seus mercados consumidores e também os anteriores estados soviéticos e os países do Médio Oriente. Também a Turquia atrairá mais indústria devido aos baixos custos, ao seu mercado interno em crescimento e à proximidade com mercados europeus mais ricos.