Portugal apresenta um perfil de risco que obriga a uma intervenção urgente, avança um estudo da Intrum Justitia, que confirma que em mais de metade dos países analisados houve um aumento dos riscos de pagamento. Os valores incobráveis nas empresas nacionais aumentaram oito por cento em relação a 2012, atingindo os 3,9 por cento, o que corresponde a um total de 5,9 mil milhões de incobráveis.
Apesar da directiva sobre atraso dos pagamentos estar a ser implementada na Europa, estes continuam a ser uma ameaça ao crescimento e sobrevivência das empresas portuguesas. O estudo revela que 74 por cento teve perda de receitas como consequência das facturas não serem pagas, 79 por cento afirma que a sua liquidez foi afectada pelas difíceis condições económicas e 56 por cento indica que diminuiu os seus investimentos em inovação como consequência da situação financeira. “Se esta situação se mantiver, brevemente teremos um cenário onde as empresas serão incapazes de crescer, onde não haverá investimento em inovação e onde a sobrevivência das mesmas será ameaçada. Todas as partes envolvidas, empresas e governo terão de fazer tudo o que está ao seu alcance para alterar esta situação. Uma estabilidade duradoura e a prosperidade dos países da Europa pressupõe que as empresas recebam os seus pagamentos na hora”, conclui Luis Salvaterra, director geral da Intrum Justitia Portugal.
Apenas quatro dos 31 países analisados registaram uma diminuição dos valores incobráveis – Dinamarca, Finlândia, Islândia e Suécia. A Alemanha não revela um aumento das dívidas incobráveis mas deixa transparecer, a breve prazo, um aumento no risco de pagamento entre empresas. No Reino Unido, a percentagem de incobráveis continua a aumentar para um nível elevado e em França a perspectiva de um aumento do risco de pagamento no futuro continua a ser alta.
Mais do que nunca é visível que a economia europeia está a caminhar a diferentes velocidades, com um pequeno grupo de países a agir como líderes e um grande grupo de países a agir como os retardatários. Na Grécia, o índice de risco (cujo máximo é 200 pontos) alcançou os 195, ao contrário da Finlândia que tem o nível de risco mais baixo de todos os países: 125 pontos. O índice de risco para Portugal é de 190.
A incapacidade dos consumidores, empresas e sector público em manterem as suas contas em dia deu origem a um aumento dos incobráveis de 2,8 por cento para três por cento, um aumento de sete por cento que totaliza 350 mil milhões de euros de incobráveis nos países abrangidos pelo inquérito.
Um aspecto positivo transmitido pelo relatório prende-se com a diminuição do tempo que as empresas demoram a obter o pagamento das suas facturas. Ao mesmo tempo, o estudo revela um forte sentimento de insatisfação relativa ao papel dos governos, uma vez que 92 por cento dos inquiridos considera que não está a ser feito o necessário para proteger as empresas dos atrasos nos pagamentos.
Neste sentido, a Intrum Justitia sugere as seguintes medidas para ajudar as empresas:
1. Criar e implementar uma política de crédito sólida para gerir os riscos e aumentar as receitas.
2. Seguir todos os passos do processo de gestão de crédito
3. Identificar correctamente o cliente com quem está a fazer negócio
4. Fazer um acordo claro com o cliente informando-o de todas as condições do negócio
5. Integrar as acções dos departamentos de vendas, marketing e financeiro para evitar o incumprimento
6. Implementar normas de verificação das moradas dos clientes
7. Monitorizar a situação económica e vigiar a solvabilidade dos clientes chave
8. Implementar lembretes e aplicar juros de mora em caso de incumprimento
9. Ampliar e equilibrar a estrutura de clientes
10. Nunca esperar, tomar sempre medidas imediatas para receber o pagamento