Vestuário, lazer/viagens e combustíveis são onde os portugueses mais têm cortado nos últimos tempos.
58 por cento admite que já reduziu significativamente as despesas com vestuário. Nesta análise elaborada pelo Observador Cetelem, destaca-se ainda a diminuição das intenções de gastos com a alimentação. 32 por cento dos consumidores afirma que tem vindo a diminuir na qualidade e diversidade da alimentação para que o valor da factura seja o menor possível.
Ao analisar os comportamentos e as tendências de consumo das classes médias europeias, o Observador Cetelem conclui que, tanto para as classes médias como para as classes altas, é incompatível conciliar os desejos/necessidades com o orçamento disponível.
As primeiras “vítimas” da austeridade em Portugal são as despesas de lazer ou as facilmente opcionais, sistematicamente sacrificadas em primeiro lugar. A seguir, surgem os itens de despesa relativamente fáceis de anular, mas que têm um impacto significativo em termos de qualidade de vida, como as deslocações, combustível, energia (44%) ou a redução da qualidade e diversidade da alimentação (32%). Logo a seguir, surgem os gastos que exigem um investimento bastante significativo, sendo provavelmente planeados num horizonte temporal mais longo, incluindo electrodomésticos, televisão, automóveis, motos e scooters. “Se estas reduções de despesas não traduzem forçosamente uma descida do nível de vida, pois podem corresponder apenas a determinados esforços adoptados para encontrar o 'plano bom', constituem um custo moral, na medida em que podem gerar um sentimento de frustração que varia fortemente consoante o tipo de despesas que foram sacrificadas”, defende Diogo Lopes Pereira, responsável de Marketing do Cetelem.
Nesta análise do Observador Cetelem, destaca-se ainda o facto dos itens sacrificados em último recurso pelas classes médias portuguesas serem a educação (8%), a saúde e os seguros (15%), o que representa um comportamento muito racional mesmo em tempo de crise. Para o responsável do Cetelem, “esta tendência revela um sentido de prioridade que traduz a importância de determinados valores e uma noção de responsabilidade culturalmente característica das sociedades europeias. A saúde aparece como o pilar fundamental sobre o qual pode ser construída uma educação. Este sentido de prioridade é partilhado por todas as classes sociais”.