Os atrasos de pagamentos em Portugal já custaram 72 mil postos de trabalho, revela o estudo da ACEGE, efectuado pelo economista Augusto Mateus, através da cedência de informações relacionadas com a sua experiência profissional no sector da gestão de cobranças, com a participação da Intrum Justitia.
A Intrum Justitia reuniu um conjunto de dados relativos aos atrasos de pagamento em Portugal e em alguns países da Europa. Os atrasos nos pagamentos agravam-se quando a economia enfrenta ciclos recessivos. Neste sentido, actualmente, muitas empresas vêem-se obrigadas a arrastar os seus prazos de pagamento como situação de recurso para financiarem as suas necessidades de tesouraria e prosseguirem a sua actividade operacional.
No que respeita ao prazo médio de pagamento, se os países do Sul da Europa, Itália e Espanha, Portugal apresentam valores de prazos médios de pagamento favoráveis em todas as vertentes de negócio, comparativamente aos países do Norte e Centro da Europa, os valores ficam bastante aquém dos atingidos por esses países. Em Portugal, juntamente com Itália, os montantes com períodos de recebimento acima dos 90 dias representam 31 e 32 por cento do montante total por cobrar, respectivamente, ao passo que na Alemanha estes não chegam aos 10 por cento e na Bélgica fixam-se em torno deste número.
No que respeita aos incobráveis, Portugal afasta-se dos restantes países apresentando uma percentagem muito elevada e uma tendência de agravamento que se vai acentuar ao longo deste ano. Esta situação deve-se ao fraco crescimento económico, ao aumento do número de insolvências e à dilatação dos prazos de recebimento. Ainda neste ponto é de destacar a Alemanha, a França e a Itália, onde apesar do peso dos incobráveis no volume de negócios ter vindo a aumentar, no último ano já revelam sinais de recuperação, registando uma inflexão na tendência de crescimento até aqui apresentada.
Neste sentido, e tendo como objectivo a implementação de medidas que promovam a eficiência e a eficácia das cobranças e dos pagamentos, a Intrum Justitia divulga um conjunto de boas práticas:
- Definir uma política de crédito clara
- Aplicar limites de crédito
- Manter a informação actualizada
- Monitorização periódica da solvência dos clientes
- Oferecer condições de pagamento flexíveis
- Manter um histórico com informação do comportamento dos pagamentos de clientes
- Iniciar a reclamação do pagamento logo após o vencimento da factura
- Aplicar juros de mora e custos administrativos de recuperação
- Começar a gestão de cobrança com a maior brevidade
- Recordar que uma venda só termina após o pagamento do produto/serviço
O estudo faz parte de um conjunto de iniciativas que se inserem no Programa AconteSER, que pretende ajudar a combater a falta de competitividade das micro, pequenas e médias empresas, através da partilha de boas práticas que potenciem a acção empresarial.
A partilha de boas práticas vai desenvolver-se através de seminários, um pouco por todo o país, onde o objectivo é reunir os empresários locais, ajudando-os a implementar medidas de incentivo à competitividade, nomeadamente as relacionadas com a recuperação de créditos e o equilíbrio da tesouraria das empresas. É neste campo que a Intrum Justitia colocará em prática a sua experiência no que respeita à recuperação de créditos, dando a conhecer aos pequenos empresários uma conjunto de ferramentas e mostrando-lhes como é que cada um pode contribuir para um equilíbrio financeiro das suas contas.