O sector dos bens de consumo duradouros, aqueles que têm uma vida útil superior a um ano, está condicionado à volatilidade económica. A confiança do consumidor europeu está a diminuir em muitos países devido à incerteza criada pela crise da Zona Euro, à instabilidade no mercado de trabalho e à capacidade das famílias pagarem as suas dívidas, o que tem prejudicado este sector, de acordo com um relatório realizado pela Crédito y Caución.
Em França este tipo de bens representaram 8,8 por cento do consumo total em 2010. No entanto, durante o primeiro trimestre de 2011, o sector estagnou, acompanhado por uma quebra de 0,7 por cento no consumo das famílias.
O padrão actual caracteriza-se por uma grande compra com base nas ofertas e em pequenas compras regulares. Os consumidores estão cada vez mais susceptíveis ao preço, obrigando as grandes superfícies a travar uma guerra constante, para além de lutar contra os distribuidores online. Esta situação provocou um aumento da morosidade do sector, causado pela deterioração da solvência. Com a perspectiva do consumo privado diminuir 0,2 por cento durante 2012, resta ao sector continuar em sofrimento.
Na Alemanha, apesar da forte recuperação económica, com um crescimento de 3,7 por cento do PIB em 2010, o crescimento do consumo privado arrefeceu. Além disso, alguns sub-sectores são muito afectados pelo aumento do preço das matérias-primas e dos produtos intermediários, acompanhado por crescentes incertezas da Zona Euro. Não se espera um crescimento sustentado do consumo das famílias antes do segundo trimestre de 2012. Quanto ao comportamento das empresas alemãs ao nível do pagamento, registou-se uma melhoria durante 2011, mas espera-se uma deterioração durante os próximos meses, enquanto a procura na Zona Euro diminui e o consumo doméstico privado desacelera.
Na Finlândia, o sector mostrou um crescimento anual de 5,7 por cento face ao período homólogo e um crescimento estável durante 2011. Os índices de capital, solvência e liquidez são fortes, no entanto, existem algumas preocupações relativas à concessão de crédito por parte dos bancos. Encontram-se alguns problemas no sub-sector da electrónica de consumo, causados por um ambiente competitivo e um declínio no consumo. Prevê-se uma deterioração no comportamento de pagamento e um aumento na taxa de insolvência.
Durante o primeiro semestre houve um aumento de dois por cento nas vendas de electrodomésticos na Polónia. As margens são baixas, mas a solvência e a liquidez são aceitáveis. No entanto, as expectativas dos consumidores sobre a economia estão cada vez mais pessimistas, o que afecta negativamente o sector. A diminuição maciça (30%) dos pedidos de exportação é um dado alarmante, pois a exportação corresponde a 80 por cento das vendas.
Os problemas económicos da Hungria também continuam a ter um impacto negativo no sector de bens duradouros, principalmente causados por uma diminuição do consumo privado. Além disso, os fabricantes têm sido afectados pelo aumento dos preços da energia e do combustível. Os atrasos nos pagamentos têm crescido e as empresas têm enfrentado dificuldades acrescidas para pagar os empréstimos, pelo que se prevê que a situação se mantenha no futuro.
O México está, sobretudo, influenciado pelo declínio da economia dos EUA. No entanto, o indicador de confiança do consumidor tem mostrado uma tendência de crescimento constante desde 2009. As famílias mexicanas estão numa situação económica melhor que há um ano e meio e com boas perspectivas de futuro. No entanto, não se mostram particularmente favoráveis à compra de bens duradouros. É esperado um aumento na taxa de insolvência, especialmente nas pequenas empresas com elevada dependência dos Estados Unidos.