O Brasil tomou à China a liderança do ranking da consultora estratégica A.T. Kearney sobre o sector de distribuição a retalho nos países em desenvolvimento, elaborado com o intuito de ajudar as cadeias globais de distribuição a definir prioridades para as suas estratégias de expansão internacional.
A 10.ª edição da pesquisa Global Retail Development Index (GRDIespelha as mudanças que ocorreram nos mercados e os efeitos distintos que estas mudanças tiveram nas diversas economias emergentes. De acordo com o estudo, o Brasil é, assim, o melhor mercado para a expansão dos grupos de retalho globais.
A ascensão do Brasil, um mercado que, em 2002, ocupava a última posição (30.ª) do GRDI e que em 2004 não figurou sequer na pesquisa, assume-se assim, segundo a consultora, como uma enorme oportunidade de expansão internacional dos conceitos retalhistas dos principais “players” portugueses. Efectivamente, este mercado está cada vez mais presente na estratégia de internacionalização das grandes cadeias de distribuição portuguesas. Recentemente, o Grupo Jerónimo Martins anunciou que o Brasil fazia parte de um grupo de três mercados em estudo avançado para a continuação da sua expansão internacional.
O Brasil depara-se com um crescimento do seu PIB perto dos cinco por cento anuais, previstos até 2013, e a sua economia prepara-se para dois mega eventos globais, como o Campeonato do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016.
Os “players” do retalho e distribuição portugueses, condicionados por um crescimento interno muito limitado, decorrente da contracção do consumo, e da difícil conjuntura económico-financeira que o país irá atravessar a médio prazo, poderão encontrar no mercado brasileiro o foco da sua internacionalização, capitalizando os laços históricos e culturais existentes entre ambos os países. Apesar deste ser um mercado extremamente apetecível e que está já na mira de cadeias como a sueca H&M, a japonesa Uniqlo ou a britânica Top Shop, o Brasil não é um mercado fácil para os investidores das cadeias de distribuição internacionais, que têm vindo a adoptar estratégias de expansão através de parcerias locais. A ligação centenária de Portugal ao Brasil e a ausência de qualquer barreira linguística pode ser, uma vantagem competitiva dos retalhistas nacionais face à concorrência internacional, para entrar neste mercado através de oportunidades de aquisição, parceria ou franchising, concretizadas ou por concretizar, com o objectivo de exportar o forte know-how existente neste sector em Portugal. “O Brasil é um mercado-alvo prioritário para a expansão das cadeias de distribuição e retalho, devido à taxa de crescimento do PIB de cinco por cento ao ano, que é esperada para os próximos cinco anos, à elevada percentagem de população urbana do país e também face ao incremento registado nas vendas a retalho. Para além dos investimentos substanciais em infra-estruturas que o governo brasileiro está a planear, os fluxos de capital estrangeiro estão a crescer igualmente a um ritmo notável”, comenta Jose Ignacio Nieto, vice-presidente da A.T. Kearney.
A edição de 2011 do estudo GRDI revela também que os países da América do Sul conseguiram superar o clima recessivo, apresentando um impressionante crescimento de seis por cento em 2010. Para além do lugar cimeiro do Brasil no ranking, outros três países sul-americanos fazem parte do top ten do GRDI, nomeadamente Uruguai, Chile e Peru.
O Uruguai subiu da oitava posição para o número dois do ranking GRDI em apenas um ano. O país está a ser alavancado pela subida acentuada do Brasil e registou um crescimento significativo do seu PIB, de 8,5 por cento, em 2010. A escala limitada do país, combinada com as condições macroeconómicas positivas, fazem deste mercado uma escolha interessante para os retalhistas que procuram expandir-se para mercados mais contidos.
O Chile ascendeu à terceira posição do ranking GRDI após de uma forte recuperação da recessão de 2009. O seu governo criou incentivos de estímulo ao consumo no retalho que, em consequência, fizeram com que o PIB chileno crescesse 5,2 por cento em 2010, expectando-se um crescimento de 6,1 por cento para 2011.
Outra região que atingiu um lugar cimeiro na edição de 2011 do estudo da A.T. Kearney foi o Médio Oriente e Norte de África. Apesar da instabilidade política poder afectar no imediato os planos de expansão das cadeias retalhistas em mercados como o Egipto ou Tunísia, o Koweit, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (todos figurantes do top ten da edição de 2011 do GRDI) não sofreram qualquer efeito da instabilidade dos países vizinhos e espera-se que permaneçam mercados estáveis no futuro, sendo desta forma susceptíveis de atrair novas acções de internacionalização de retalhistas portugueses, como já o fizeram no passado a SONAE SR, através da Zippy, e a Sacoor Brothers, por exemplo.
A.T. Kearney Global Retail Development Index, 2011
1.º Brasil
2.º Uruguai
3.º Chile
4.º Índia
5.º Koweit
6.º China
7.º Arábia Saudita
8.º Peru
9.º Emirados Árabes Unidos
10.º Turquia
11.º Líbano
12.º Egipto
13.º Albânia
14.º Rússia
15.º Casaquistão
16.º Indonésia
17.º Marrocos
18.º Filipinas
19.º Tunísia
20.º Sri Lanka
21.º Malásia
22.º México
23.º Vietname
24.º Colômbia
25.º Argentina
26.º África do Sul
27.º Panamá
28.º República Dominicanas
29.º Irão
30.º Bulgária