Níveis de insolvências judiciais crescem 6,9% no 2.º trimestre mas sector dos electrodomésticos melhora
No segundo trimestre, Portugal registou 1.565 novos processos de insolvência, número que representa um aumento de 6,9 por cento relativamente aos valores registados no primeiro trimestre. Esta é uma das conclusões analisadas pelo Departamento de Gestão de Risco da Crédito y Caución, que acompanha de perto os processos de insolvência publicados no Diário da República.
O aumento significativo dos níveis de insolvência empresarial teve início no primeiro trimestre de 2009, chegando a superar um milhar de processos trimestrais. Em 2008, o total anual de processos tinha sido de cerca de 500. Após seis trimestres consecutivos de crescimento gradual, os números referentes ao último trimestre mostram, pela primeira vez, a concentração de mais de 1.500 processos em apenas três meses.
Apesar de ter registado uma queda de 5,3 por cento, um em cada três processos de insolvências continua a envolver empresas directamente relacionadas com o sector dos serviços. O segundo sector mais afectado é o da construção, que cresce ligeiramente, seguido do sector têxtil e da alimentação/distribuição, que registam quedas acentuadas em torno dos 20 por cento.
A análise inter-trimestral da Crédito y Caución regista uma recuperação em sete sectores e o aumento das insolvências em oito. Em comparação com o primeiro trimestre, a maior intensidade foi registada no sector do papel e artes gráficas (58%), nas peles (50%) e no sector da madeira e mobiliário (43%). Em contrapartida, os sectores que registam uma melhoria significativa são os dos electrodomésticos (55%), máquinas e ferramentas (40%) e instalações (28%).
O ano de 2010 está a marcar o início da mudança de ciclo, mas persistem alguns factores de incerteza como é o caso da reactivação do crédito financeiro. De acordo com a análise feita pela Crédito y Caución, a incapacidade de muitas pequenas e médias empresas poderem financiar o circulante e melhorar a tesouraria, devido às dificuldades no acesso ao crédito, é um dos principais factores que pressionam a entrada de processos de insolvência judicial.
Neste cenário, o seguro de crédito está a começar a oferecer soluções orientadas para garantir a liquidez das empresas seguradas, nomeadamente através da antecipação do adiantamento das indemnizações subjacentes à apólice.
Neste sentido, para evitar a entrada neste tipo de processos de insolvência, que são nove em cada dez casos de liquidação do tecido produtivo, é aconselhável que as empresas aumentem a vigilância do risco, analisando os riscos comerciais associados a cada um dos clientes. Estabelecer limites de crédito que coincidam com precisão com os níveis de crédito aceitáveis nestas situações, pode ser a chave para as empresas se protegerem de uma perda desnecessária ou de uma eventual situação de insolvência do cliente.