Segundo a mais recente edição do estudo European Shopping Centre Development, publicado pela consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W), a promoção de novos centros comerciais abrandou consideravelmente em 2009, sendo pouco provável uma recuperação antes de 2012.
O ano de 2009 registou a maior descida de aberturas de novos espaços comerciais dos últimos 15 anos, com cerca de 7,4 milhões de metros quadrados, uma descida de 19 por cento comparativamente com 2008. Em 2010, deverá manter-se a tendência descendente, com a abertura de apenas 6,1 milhões de metros quadrados, prevendo-se que o ano de 2011 registe o nível mais baixo dos últimos sete anos, com pouco mais de cinco milhões de metros quadrados a serem concluídos, correspondendo a uma descida de 46 por cento, comparando com o ano recorde de 2008.
No entanto, caso a economia europeia recupere mais rapidamente do que o expectável, a Cushman & Wakefield antevê que um grande número de projectos que foram suspensos possa rapidamente “renascer”, aumentando assim o “pipeline” previsto.
Depois de ter perdido o primeiro lugar, em 2009, para a Turquia como o país com mais projectos em carteira na Europa, a Rússia regressou em 2010 ao topo da lista, com a abertura prevista de 2,5 milhões de metros quadrados de novos centros comerciais até ao final de 2011. Por outro lado, a Roménia registou a descida mais significativa no ranking, da sétima para a décima posição, uma vez que um grande número de projectos previstos foi adiado ou cancelado.
Na Europa Ocidental, a Itália, França e Espanha foram os mercados mais activos na promoção de novos centros comerciais em 2009. O mercado italiano tem demonstrado ser o mais resistente, já que só 20 por cento do seu “pipeline” para 2010-2015 foi suspenso, tendo actualmente cerca de um milhão de metros quadrados de espaços em construção. Em França, a promoção de centros comerciais aumentou significativamente, com 880 mil metros quadrados de espaços em construção. O maior centro comercial em construção é o Stratford City, em Londres, com aproximadamente 186 mil metros quadrados, localizado junto ao futuro Olympic Park e com conclusão prevista para 2011.
Em Portugal, e contrariando a tendência verificada na Europa Ocidental, o forte ritmo de crescimento da oferta de centros comerciais não foi interrompido em 2009, tendo sido atingido um novo máximo histórico. Foram inaugurados 280 mil metros quadrados de novos espaços comerciais, distribuídos por nove projectos, dos quais três correspondem à expansão/remodelação de centros já existentes, adaptando-se deste modo às novas exigências do mercado.
No que se refere à oferta futura, o actual enquadramento económico condicionou o crescimento potencial da oferta em Portugal, tendo-se assistido a uma redução substancial do número de centros comerciais previstos até 2011. Actualmente, os centros comerciais em construção somam pouco mais de 200 mil metros quadrados, muito aquém dos valores registados no passado, fruto do constante adiamento de novos projectos a que se tem assistido.
Para 2010, espera-se ainda novos cancelamentos ou adiamentos de projectos ainda em fase de concepção, mas também uma retoma tímida da procura. À semelhança do que se verifica no contexto europeu, a recuperação do sector será condicionada pela evolução do enquadramento económico, que se tem reflectido de forma negativa nas vendas no comércio a retalho. Esta queda das vendas, aliada à quebra na confiança dos consumidores e a um mercado próximo da saturação em termos de oferta, teve um efeito imediato no desempenho do mercado de retalho nacional.
