De acordo com o novo relatório da Jones Lang LaSalle Shopping Centre Development – Boom or Bust?, 2008 foi um ano recorde para o crescimento da promoção de centros comerciais, com especial enfoque nos projectos de média dimensão em cidades secundárias.
Mais de 300 centros comerciais foram concluídos durante o ano, contabilizando cerca de 7,9 milhões de metros quadrados de espaço, sendo a Rússia, uma vez mais, o mercado mais activo, com 13 por cento da área concluída na Europa. A Turquia evidenciou igualmente outro ano bastante forte, registando aproximadamente um milhão de metros quadrados de nova ABL finalizada. Tal como em 2007, a Europa Central e de Leste (ECL) dominou o mercado, com 55 por cento de toda a área concluída, e irá receber ainda diversos projectos de grande dimensão, actualmente em construção.
Segundo Neville Moss, Head de EMEA Retail Research, “2008 foi um ano recorde em termos da conclusão de novos espaços mas, dado o actual clima financeiro, será inevitável que o ritmo de promoção abrande nos próximos dois anos e que um volume substancial de projectos planeados seja adiado. Contudo, esta não é uma situação inédita, já que em 2008 foram concluídos menos 5,5 milhões de metros quadrados face a os 13,7 milhões de metros quadrados que no final de 2007 estavam previstos para o ano seguinte. A maioria dos novos projectos está actualmente a ser desenvolvida na Turquia, Itália e Rússia e muito do espaço previsto para 2009 está já em construção e, muito dificilmente, os processos serão interrompidos”.
2010 será, contudo, menos dinâmico e prevê-se que uma parte importante dos 11,3 milhões de metros quadrados planeados para o “pipeline” sejam adiados se as perspectivas económicas continuarem a deteriorar-se. As correcções do “pipeline” de promoção irão registar-se principalmente nos mercados que cresceram significativamente nos últimos três anos, nomeadamente a Turquia e a Rússia. Contudo, é também claro que as principais oportunidades para os promotores e investidores continuam a existir em todo o continente devido à enorme diversidade de stock por habitante.
De acordo com Manuel Puig, director geral da Jones Lang LaSalle Portugal, “a tendência que se verifica na Europa coincide com a realidade portuguesa. Desde o final do ano passado, a Jones Lang LaSalle identificou mais de uma dezena de projectos, num total de cerca de 330 mil metros quadrados, com licença comercial, mas cujos promotores desistiram do investimento ou manifestaram interesse em adiar a inauguração. Ao longo de 2009, acreditamos que irá continuar a assistir-se ao desinvestimento em alguns projectos que já obtiveram licença, mas que devido às dificuldades sentidas na comercialização e no financiamento poderão não se concretizar ou ver a sua inauguração adiada”.
James Dolphin, Head de Pan-European Retail Agency, conclui que “a procura no sector retalhista terá um efeito amplificador na promoção de projectos nos próximos dois anos e, embora as marcas continuem a procurar oportunidades, torna-se cada vez mais difícil fechar contratos de arrendamento, à medida que os operadores procurem minimizar os riscos através de condições mais vantajosas. Na ECL diversos projectos foram já inaugurados com elevadas taxas de disponibilidade e verifica-se mesmo a retirada de retalhistas de alguns projectos, adiando a sua entrada no mercado e reduzindo os planos de expansão. Os promotores que planearam novos projectos para inaugurar nos próximos dois anos irão decidir atrasar ou avançar com a construção em função da procura dos retalhistas e dos consumidores”.