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1, 2, 3 partida! Começou a corrida para a proximidade
2011-04-11

Poder fazer as compras a pé, no seu próprio bairro, em pequenas lojas de comércio tradicional parecia ser, há uns anos atrás, um cenário em vias de extinção ou um privilégio ao alcance de poucos. No entanto, parece que estes hábitos estão a voltar com novos conceitos de comércio de proximidade, numa corrida que não pára de se reinventar. Durante muito tempo, a grande distribuição fugiu dos centros das localidades, mas agora o panorama mudou. Verifica-se uma viragem profunda no universo do comércio organizado, que leva à reinvenção da noção de proximidade, de serviço e de conveniência.

O investimento de dois actores históricos portugueses, como o Pingo Doce e o Modelo, generalizou o comércio de proximidade alimentar num conceito de média superfície. Por exemplo, o Pingo Doce aumentou a área de venda com novas aberturas, a conversão das lojas Feira Nova e a aquisição das lojas Plus. A insígnia tem hoje mais de 350 lojas a nível nacional. “A proximidade física e humana na relação com o cliente e com as comunidades onde está inserido” era, por seu turno, um dos valores da marca Modelo, agora fundido com o Continente. Para estas insígnias, a proximidade não é uma questão de oportunidade, porque já faz parte dos seus genes, mesmo numa altura em que o consumidor tem enraizado o hábito de comprar em hipermercados de periferia. Mas no início deste ano, o conceito reforçou-se, com estes dois líderes da distribuição portuguesa, Jerónimo Martins e Sonae, a apostarem na área do comércio tradicional através do formato de mercearia de bairro. (...)

Proximidade = Cada vez + serviço

Cada vez mais, a tendência de proximidade passa por “não agradar a todos, mas sim muito a alguns”. Gaëlle Le Floch, directora da unidade de distribuição de Kantar Worldpanel em França, explica que o negócio de proximidade responde totalmente ao modelo de consumo de hoje em dia. Os consumidores querem ganhar tempo e as insígnias de proximidade apresentam “uma solução real ao consumidor”.

Mas estará o consumidor a voltar-se para o essencial? “Desde que a crise apareceu, que as famílias são mais conscientes em relação à despensa. Antes de comprar, 64 por cento questionam-se se necessitam mesmo de determinado produto”.

Querem consumir de forma mais sã, sem precisar de automóvel, e mais rapidamente. Basta saber que em 1980 o tempo dedicado às compras era de 1h30 e hoje é de 35 minutos. (...)

Mas até onde irá a proximidade?

Horários até à meia noite, pagamento de contas domésticas, recolha de encomendas... Hoje, a entrega ao domicílio já não chega para fazer a diferença. A distribuição percebeu que é necessário inovar. Neste domínio, as lojas Marché Plus propõem uma estratégia de multi serviços únicos, com engomadoria em 48 horas, distribuição de bilhetes, serviço de impressão de fotografias, venda de selos, cartões e carregamentos telefónicos, fotocópias, fax, etc. Por sua vez, a insígnia Chez Jean também segue esta política, oferecendo serviços de tabacaria, imprensa e Wi-Fi gratuito em toda a loja. Tem uma oferta matinal chamada “Journal café á volonté” (jornal e café à vontade) que lhe traz uma clientela de negócios. (...)

Esta nova reviravolta vem insuflar uma nova vida ao conceito de comércio de proximidade alimentar mas ficar-se-á por aqui? Poderá este conceito ser implementado em novas áreas de negócio, nomeadamente no sector electro? (...) Estará o leitor preparado para enquadrar a sua empresa num cenário destes e num horizonte em mutação permanente? Fica apenas a reflexão...


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L.Branca/PAE

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