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Carrefour não comenta, Mosqueteiros não estão compradores, Sonae surpreendida e Jerónimo Martins atenta a oportunidades
2010-04-08

Sem comentários. É desta forma que se pode resumir a reacção dos vários grupos de distribuição a operar em Portugal à eventual venda das lojas Minipreço, por parte do Carrefour, e consequente saída do país, avançada esta quarta-feira, dia 7 de Abril, pela imprensa francesa. Contactado pela Lusa, o grupo francês Carrefour escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto.

Os outros grupos de distribuição, por sua vez, adoptaram também uma atitude comedida na sua reacção à notícia da saída do Carrefour de Portugal. Contactado pelo Económico, o Grupo Os Mosqueteiros descartou a compra das 524 lojas Minipreço, garantindo que não está comprador. Também contactada pelo Económico, a Sonae disse que não pode comentar uma notícia que nem o próprio Carrefour comenta, confessando-se apenas "surpreendida".

Por sua vez, a Jerónimo Martins rejeitou igualmente fazer comentários sobre o eventual interesse nas lojas Minipreço, mantendo, no entanto, a posição oficial de que o grupo “está sempre atento a novas oportunidades de mercado”.

Analistas apontam compradores

No entanto, os analistas do Citigroup falaram com a retalhista portuguesa, que admitiu vir a adquirir algumas das 524 lojas Minipreço. "Havendo falado com a Jerónimo Martins e tendo estudado o dossier, não vemos compradores óbvios para as 524 lojas da Carrefour em Portugal. A Jerónimo Martins admitiu estar interessada em algumas das maiores lojas, mas isso é apenas uma pequena fatia do bolo", lê-se numa nota do Citigroup. No mesmo documento, os analistas do banco norte-americano sublinham que a retalhista portuguesa "poderia enfrentar problemas de concorrência se quisesse comprar uma parcela tão grande do mercado".

O Citigroup dá como improvável que o Lidl se posicione para comprar as lojas Minipreço, que têm um "modelo de negócio antagónico" ao do grupo, sobrando a Aldi, que tem apenas 19 sucursais em Portugal. O Citigroup conclui que, "dado que não há compradores óbvios, o mais provável talvez seja que as lojas sejam adquiridas por uma imobiliária, que depois converterá os Minipreço num novo espaço".

No entanto, não é de descartar que um destes grupos de distribuição possa vir a fazer parte do negócio. Nas suas notas de "research”, BES, BPI e Banif consideram que as mais interessadas neste negócio serão a Jerónimo Martins e a Sonae. Esta última, no entender dos analistas do BES, poderá tentar potenciar esta oportunidade para se lançar num formato de loja mais conveniente. Paralelamente, de um ponto de vista operacional, os analistas consideram que o negócio faz mais sentido para a Sonae do que para a Jerónimo Martins, tendo em contra a sobreposição com o Pingo Doce. “Em contrapartida, a Sonae quase não tem exposição nos centros urbanos, estando a maioria dos seus hipermercados e grandes supermercados localizados na periferia”, acrescentam os analistas do BES.

Ao mesmo tempo, se bem que possa ser provável que tanto a Jerónimo Martins como a Sonae analisem este potencial negócio, a nota de análise da Espírito Santo Equity Research (ESER) salienta que dificilmente a Autoridade da Concorrência validaria o negócio sem concessões. Por conseguinte, “a Sonae poderá tentar ficar com as lojas urbanas mais pequenas e de maior conveniência, podendo outro operador avançar para as lojas maiores, situadas nos arredores”, entendem os analistas do BES, sublinhando que as autoridades da concorrência baseiam a sua análise nas regiões e não nos formatos. “Assim sendo, seria muito difícil para a Sonae ter permissão para reforçar a sua posição nas principais cidades sem apresentar remédios substanciais”.

Os analistas do BES não esperam que a compra das lojas Minipreço tenha um impacto relevante em termos de pressão competitiva em Portugal. Ao contrário do Citigroup, o BES refere que, observando os actuais “players” no mercado, o Lidl seria um comprador natural deste activo, uma vez que as restrições da Autoridade da Concorrência seriam menores e “possivelmente resolvidas com a venda de algumas das lojas mais pequenas”. Esta mesma nota de análise refere que a Auchan é também equacionada como potencial compradora, se bem que o BES considere que a sua focalização deverá continuar a estar no formato de hipermercado.

O BPI também não exclui a hipótese do Lidl e da Auchan poderem participar no negócio. O interesse da Auchan, segundo o BPI, poderá advir do facto da insígnia querer aumentar a sua dimensão em Portugal, tendo já mencionado no passado que pretendia ter presença no segmento do desconto no nosso país. Recorde-se que o jornal Les Echos já noticiou que Portugal poderá ser um dos países onde o Grupo Auchan vai inaugurar um novo conceito de hipermercado de desconto e que Christophe Dubrulle, presidente da Auchan, terá pedido aos responsáveis do grupo em França, Espanha, Itália, Polónia Hungria, Roménia, Ucrânia e também de Portugal para abrirem hipermercados de desconto nos respectivos países.

Saem uns, entram outros

Vislumbram-se assim novos movimentos no panorama da distribuição portuguesa. Tanto mais que, no mesmo dia em que a imprensa francesa avança a saída do Carrefour de Portugal, a sua congénere espanhola reporta o interesse da cadeia de supermercados Covirán em entrar no mercado nacional.

Segundo a imprensa espanhola, a Covirán tem como objectivo abrir 25 estabelecimentos e já conta com “um parceiro estratégico” para iniciar operações. Pretende também alargar as operações a Marrocos, tendo já formalizado a sua entrada no parque empresarial que a empresa Ditema promove na região de Settat.

Este grupo, que nasceu em Granada em 1961 e tem agora com 2.501 estabelecimentos, 24 plataformas de distribuição e 12.638 trabalhadores, é a segunda maior cooperativa de distribuição alimentar em Espanha por número de estabelecimentos, depois do Carrefour e à frente da Eroski ou Mercadona. Em 2009, a sua facturação cresceu sete por cento e atingiu os 471 milhões de euros. A Covirán prevê 500 milhões de euros para este ano e quer investir mais de 13 milhões de euros, tendo Portugal em mira no âmbito dos seus planos de internacionalização. A entrada deverá ser feita já este ano.


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L.Branca/PAE

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