O retalho nacional está a reorganizar-se, em resultado quer dos novos posicionamentos da procura e da oferta, quer das modificações dos hábitos de consumo, que deixaram de ser um acto de impulso para serem efectuados de uma forma estratégica.
Segundo as conclusões do estudo “O Mercado de Retalho sob Diferentes Prismas” da Jones Lang LaSalle, estas realidades são impulsionadas pela maturidade do próprio mercado e pelo actual momento de condicionamento económico, onde se destaca a perda do poder de compra e a consequente descida do volume de vendas. “Esta é a altura de nos consciencializarmos da nossa realidade e da nossa dimensão, corrigindo alguns erros do passado e apostando em definitivo no que de melhor este sector criou e inovou”, defende Manuel Puig, director geral da Jones Lang LaSalle.
Uma das principais tendências observadas pela consultora é a alteração da estratégia dos promotores imobiliários, que são bastante mais cautelosos no lançamento de novos projectos, influenciados sobretudo pelo decréscimo de consumo sentido. Para os próximos três anos, a Jones Lang LaSalle identifica 1.153 mil metros quadrados de novos projectos comerciais já licenciados, num acréscimo de 22 por cento ao stock actual. A consultora estima que parte destes projectos venha a ser adiada ou mesmo não concretizada.
No que se refere à procura, os operadores de retalho também adoptaram estratégias diferenciadas, com uma análise mais restritiva no âmbito da expansão das suas redes e com maior necessidade de racionalização das lojas já em operação. De acordo com a consultora, os lojistas mostram menor disponibilidade para assumir riscos, tendo em conta a redução do volume das vendas e a baixa confiança dos consumidores, e preferem hoje optar por projectos “prime” nas principais cidades, tendo redireccionado estratégias para os mercados mais consolidados.
A Jones Lang LaSalle aponta ainda as alterações nos hábitos de consumo dos portugueses como um dos factores na base da reestruturação do mercado nacional de retalho. De acordo com a consultora, o acto de compra deixou de ser por impulso e passou a ser efectuado de uma forma estratégica.
Um mercado que tendia, então, para a saturação está assim a reorganizar-se, com os melhores projectos a vingarem e nivelando por cima a oferta que, para a Jones Lang LaSalle, mais cedo ou mais tarde tinha de se conformar à dimensão do mercado nacional.
Leia o desenvolvimento na próxima edição impressa da Rm-Revismarket.