Ao contrário do que se tem verificado em muitas cidades europeias, o comércio de rua em Portugal tem experimentado algumas dificuldades de afirmação. No mercado nacional, os centros comerciais são definitivamente o formato de maior sucesso e têm vindo a conquistar, sobretudo ao longo da última década, uma forte quota de mercado, sendo o comércio de rua o grande perdedor. No entanto, a crescente maturidade daquele mercado tem vindo a criar espaço para o desenvolvimento de outros formatos e as lojas de rua são hoje alvo de maior atenção dos investidores, sobretudo os internacionais, que tentam replicar em Portugal o sucesso deste formato noutras capitais europeias.
O estado actual da oferta comercial nas principais ruas dos centros históricos de Lisboa e do Porto revela um mercado de retalho nacional muito díspar. Segundo o primeiro Business Briefing sobre o comércio de rua da Cushman & Wakefield, “excelentes centros comerciais, merecedores de prémios internacionais, convivem com centros históricos decrépitos, que não oferecem quaisquer condições para se imporem como mais um segmento do tão bem sucedido mercado de retalho nacional”.
Lisboa, o primado da Avenida da Liberdade
A principal oferta de lojas de rua na cidade de Lisboa estende-se desde a Avenida da Liberdade, até à zona da Baixa-Chiado, numa área de aproximadamente 160 mil metros quadrados, superior ao centro comercial Colombo ou ao futuro Dolce Vita Tejo. A Avenida da Liberdade, a Rua Augusta, a Rua dos Fanqueiros, a Rua do Ouro, a Rua da Prata e a Rua Garrett reúnem a maior oferta comercial e, em conjunto, concentram cerca de 65 por cento da oferta existente.
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A grande maioria dos lojistas no centro de Lisboa são operadores independentes, em oposição à reduzida presença de retalhistas internacionais. “Esta distribuição da oferta explica muitos dos problemas de afluência de público e retrata um comércio envelhecido e pouco atractivo para o consumidor moderno, que tem como alternativa alguns dos melhores centros comerciais da Europa”, alerta o estudo.
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Baixa do Porto concentra 70% da oferta
No Porto, as principais zonas do comércio de rua são a Baixa do Porto, parte da Avenida da Boavista, a Praça Mouzinho de Albuquerque, a Rua Júlio Dinis e a Rua da Cedofeita. O estudo da Cushman & Wakefield conta mais de 650 unidades comerciais, cuja área total se situa perto dos 132.500 metros quadrados.
Na zona do centro histórico, concentra-se uma oferta comercial cuja área se aproxima dos 100 mil metros quadrados, superior à prevista para o novo grande centro comercial a inaugurar, ainda este ano, na Área Metropolitana do Porto, o projecto da Inter IKEA, em Matosinhos, as ruas que reúnem a maior oferta são as de Santa Catarina e Sá da Bandeira que, juntas, totalizam metade da oferta.
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O sector dedicado aos artigos para o lar também é significativo, ocupando 13.500 metros quadrados. A restauração é o sector que se segue, com perto de 12.700 metros quadrados. Aproximadamente 70 por cento da área é ocupada por lojistas independentes. Os valores “reflectem um comércio que, na sua maioria, está desadequado dos padrões de consumo dos dias de hoje e claramente desfasado da oferta dos centros comerciais que hoje surgem um pouco por todo o Grande Porto”.
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