Digitalização, impressão 3D, condução autónoma, robótica, sociedade da informação, diversificação, servitização e sustentabilidade. São estas as oito grandes tendências apontadas pelo Fraunhofer IIS - Center for Applied Research on Supply Chain Services SCS para o sector da logística.
Os contentores e a Internet foram duas das inovações com impacto significativo na logística, durante a última década. Ambas permitiram chegar a novos e maiores mercados e potenciaram o crescimento do comércio global. A sua importância é inegável e é por isso que, no entender do Fraunhofer IIS, é importante antecipar quais serão as próximas inovações significativas para o sector. “Se nos perguntarmos quais serão as inovações que terão um impacto semelhante até 2030, é difícil obtermos a resposta a esta questão. Estas ‘inovações disruptivas’, como são conhecidas, trazem novas funções e aplicações que mudam as regras do mercado. Contudo, no início, são muitas vezes subestimadas e permanecem abaixo do radar. Mesmo que sejam percebidas, a sua influência massiva é ainda insignificante pelo que não justificam a reavaliação dos modelos de negócio. Porém, quando atingem o seu pleno potencial, pode ser demasiado tarde. É por isso que é tão importante introduzi-las na altura certa”, diz o Fraunhofer IIS.
Neste sentido, o pré-requisito é saber que tendências estão hoje a dominar o mercado. “Estas mega tendências irão mudar o futuro, serão complementadas por novas inovações ou tornar-se-ão mais ou menos importantes para o sector da logística. Por esta razão, devem ser analisadas regularmente. No seu conjunto, estão estreitamente alinhadas e não devem ser consideradas isoladamente”.
A digitalização está a tornar os objetos mais inteligentes. As novas tecnologias, a computação móvel e a Internet das Coisas estão a potenciar o surgimento de novos serviços em torno deste ecossistema de objetos, com o objetivo de aumentar a eficiência dos produtos e dos processos. Esta transformação combina-se com mudanças básicas nos modelos de negócio e cooperação corporativa.
Simultaneamente, os modelos de produção clássicos estão a ser substituídos por novos métodos aditivos, como a impressão 3D, que podem processar uma maior quantidade de materiais de uma forma cada vez mais rápida. Quase todos os dias se encontram exemplos práticos da utilização da impressão 3D. Estes processos permitem individualizar a produção.
A tecnologia está também a evoluir ao ponto da condução autónoma ser cada vez mais uma realidade. Sucedem-se os testes com camiões autónomos nas estradas em situações reais. Atualmente, o único obstáculo à massificação da condução autónoma é do ponto de vista legal e das preocupações sociais com a participação dos camiões autónomos no tráfego público. Com a condução autónoma, a indústria automóvel irá mudar radicalmente, com as inerentes consequências para os fornecedores logísticos.
O Fraunhofer IIS alerta, ainda, que a procura mundial de robots industriais irá crescer 10% ao ano até 2025. A utilização de robots fora dos perímetros de segurança e em colaboração direta com os humanos irá abrir-lhes novos campos de aplicação, o que, por seu turno, aumentará a produtividade na cadeia de valor.
O conhecimento global está a crescer a uma velocidade avassaladora, o que é testemunhado pelo exponencial aumento do volume de dados. A ligação em rede entre seres humanos e objetos gera ainda mais informação, dados estes que são considerados a matéria-prima do futuro. A tarefa do sector logístico é analisar estes dados e criar valor acrescentado para o utilizador através do desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Paralelamente, à medida que a sociedade evolui, as forças de trabalho estão a tornar-se cada vez mais heterogéneas. A taxa de empregabilidade entre indivíduos da faixa etária dos 55 aos 65 anos está a aumentar, assim como a proporção de mulheres e de migrantes nas equipas. A diversificação dos recursos humanos apresenta às pequenas e médias empresas, de um modo particular, desafios relevantes, mas, em termos de globalização, também um grande potencial. A tarefa do sector logístico será gerir a diversidade quanto à qualificação e bem-estar dos seus colaboradores.
A evolução está também potenciar a mudança das sociedades da indústria para os serviços. Os consumidores já não compram apenas produtos, mas também os serviços que lhes estão associados. Estes produtos híbridos permitem às empresas aumentar as suas oportunidades de vendas e atingir um maior nível de fidelização dos clientes. Esta transformação está, porém, relacionada com mudanças substanciais nos métodos de contacto com os clientes e nos modelos de negócio. Ao longo dos próximos anos, o sector deve assegurar-se que acompanha os desafios e oportunidades da logística orientada para o serviço.
Finalmente, a última mega tendência reflete as alterações climáticas e os seus efeitos. De modo a atenuá-los, os governos e as empresas têm de adotar critérios ainda mais rigorosos. Além disso, os clientes procuram produtos e serviços cada vez mais sustentáveis. O papel da logística será desenvolver novas estratégias de sustentabilidade e contribuir ainda mais para a redução da sua pegada de carbono, através da utilização de veículos mais eficientes e da otimização das rotas.