O volume global de transacções de investimento imobiliário registou uma queda de 59 por cento em 2008, descendo de 1.050 mil milhões de dólares para 435 mil milhões de dólares, segundo a consultora imobiliária global Cushman & Wakefield (C&W).
Este é o valor mais baixo desde 2004, verificando-se também uma significativa queda do volume de investimento estrangeiro. As previsões da consultora apontam para que este ano se registe uma nova descida, ainda que marginal, para os 412 mil milhões de dólares.
Segundo Luís Rocha Antunes, “partner” e director do departamento de investimento da Cushman & Wakefield em Portugal, “embora todos os mercados tenham sido afectados por um declínio nas transacções de investimento imobiliário, foram os mercados mais maduros que mais sofreram. Os mercados emergentes totalizaram, em 2008, 22 por cento do investimento global, enquanto que em 2006 tinham apenas representado nove por cento.”
A maior descida de 2008 foi registada na América do Norte, com menos 73 por cento de investimento imobiliário, passando de 437 mil milhões de dólares em 2007 para 116 mil milhões de dólares em 2008. Como resultado, a América do Norte desce no ranking das regiões com mais investimento imobiliário, passando do primeiro para o terceiro lugar, atrás da Europa e da Ásia.
Para além das quedas na América do Norte, também se verificou um declínio do volume de investimento na Europa, na ordem dos 52 por cento, e na Ásia, de 45 por cento. A região que se mostrou mais resistente às quebras de volume de investimento foi a América Latina, com uma descida de apenas nove por cento para 8,9 mil milhões de dólares. Em número de transacções, a Europa foi responsável por 41 por cento, seguida da Ásia com 30 por cento dos negócios fechados mundialmente.
Ao nível de países, os Estados Unidos da América totalizaram 25 por cento do investimento global com 107 mil milhões de dólares. A China, pela primeira vez, ultrapassou o Reino Unido enquanto segundo país com maior volume de investimento imobiliário.
Quanto aos valores das transacções, Luís Rocha Antunes comenta que a Europa foi a zona mais afectada pelas variações nos preços de venda. “Em todos os sectores houve alterações nos yields, que começaram na zona Oeste da Europa e posteriormente passaram a reflectir-se também no Leste europeu. O sector de retalho, especificamente o comércio de rua, foi menos afectado do que os escritórios ou industrial”.
Em geral, todo o tipo de activos imobiliários foram afectados pela descida do volume de investimento, havendo contudo diferenças regionais. Na Europa, os sectores de retalho e industrial ganharam peso face ao menos volume de transacções no sector de escritórios, enquanto que na Ásia, este último sector foi o que registou um aumento no investimento, em detrimento da área de promoção imobiliária. Na América do Norte, os sectores que dependem directamente de consumidores, como retalho e hotéis, sofreram as maiores perdas, tendo-se assistido a alguma actividade no sector de escritórios, em que muitos edifícios emblemáticos mudaram de proprietários. Por fim, na América Latina também o sector de retalho perdeu para os escritórios.