Relatório da Logica revela que sector energético tem de sofrer alterações profundas
Um estudo da Logica revela que o sector energético está a entrar num período de profundas alterações, com grandes implicações no modo como os consumidores e as empresas satisfazem as suas necessidades energéticas.
O documento expõe o desafio que o sector enfrenta para conseguir oferecer uma segurança energética sustentável ao longo da próxima década, obrigando à adopção de uma abordagem radical e à realização de investimento em tecnologias inteligentes.
Especialistas desta área garantem que, dentro de poucos anos, o mundo vai enfrentar um momento crítico a nível energético, uma vez que a nossa capacidade de satisfazer a procura de fontes de energia primária tradicionais ultrapassa o seu fornecimento. Este facto será ainda mais reforçado pelo aumento dos preços da energia, financiamento incerto e pela elevada prioridade que as alterações climáticas têm na agenda política.
Nesse sentido, é necessário desenvolver novos métodos de geração de energia, sendo que as “utilities” têm de iniciar a sua transformação, agora, ao invés de se focarem no desafio imediato do desempenho operacional diário. “2020 vai ser o ponto de viragem. Vai haver uma mudança no sentido de conferir aos consumidores poderes para que consigam fazer a gestão e produzir a sua própria energia”, afirma Ken Whittaker, Global Practice Leader de Smart Metering da Logica. “As empresas do sector energético vão ter que dar resposta, deixando de ser empresas de fornecimento de produtos essenciais e passando a ser empresas de serviços energéticos integrados, permitindo que os consumidores tenham uma maior responsabilidade na satisfação das suas necessidades energéticas”.
Novos métodos de produção e armazenamento de energia solar, eólica e nuclear estão entre os desafios que as “utilities” terão de enfrentar nos próximos anos, sendo que a primeira oferece maior potencial. A Logica prevê assistir a uma “corrida para o sol” na primeira metade deste século, tornando-se numa fonte importante de produção de electricidade com aumento significativo até 2020.
Face às alterações do panorama energético, os consumidores irão, no futuro, ter de ajustar o seu comportamento, de forma a gerirem racionalmente o seu consumo energético. O paradigma deixará de ser aquele em que o consumidor tem de desligar os seus aparelhos de consumo, passando a ser aquele em que a tecnologia cria uma casa inteligente, que optimiza o consumo energético. Estes novos consumidores vão estimular o aparecimento de inovações-chave em termos de recursos energéticos e as empresas energéticas vão envolver os consumidores de forma mais activa na gestão dos consumos.
A Logica antevê também o aparecimento de explorações cooperativas energéticas a nível local; tecnologia de micro-geração, como geradores eólicos e solares incorporados nas casas; utilização da inteligência artificial e de sistemas de contagem inteligentes (smart metering). A inactividade e a incapacidade de abraçar novas abordagens e tecnologias poderá conduzir a cortes parciais (brownouts) ou totais (blackouts) de energia.
Até 2020, a Logica prevê o aparecimento de quatro tipos de consumidores energéticos, o eco-guerreiro, o eco-céptico, o especulador e o menino-prodígio. O eco-guerreiro, um consumidor ambientalmente consciente, empenha-se em ser auto-suficiente a nível energético, atingindo este objectivo abraçando tecnologias de controlo e auto-geração de energia, para alcançar a neutralidade de carbono. O eco-céptico não está convencido de que possa provocar um impacto positivo no ambiente a um nível individual e, desta forma, as acções relacionadas com o consumo energético não são uma prioridade. O especulador é inteligente e um defensor da comunidade, sendo também financeiramente astuto. Com um conhecimento firme dos mercados monetários, a comunidade irá procurá-lo pedindo conselhos sobre os investimentos em “utilities”. A paixão pela tecnologia inerente ao menino-prodígio provoca um impacto positivo nas emissões de carbono. Abraça as tecnologias mais recentes para controlar as suas contas e consumos energéticos. Os contadores inteligentes permitem que estes meninos-prodígio controlem remotamente a iluminação, o aquecimento e outros aparelhos e vão conduzir veículos híbridos económicos e com baixas emissões.