Crise é talvez a palavra mais falada dos últimos meses e com alguma razão. O cenário não está, de facto, famoso e os dados apresentados ontem de manhã, dia 4 de Novembro, na conferência de Informática, Fotografia e Telecomunicações da GfK Portugal espelham bem como o actual tormento económico se está a reflectir no mercado de bens duráveis.
Como notou Carlos Figueiredo, os primeiros nove meses do ano mostram que a crise é um facto. No terceiro trimestre, com excepção do entretenimento, todos os produtos auditados pela GfK apresentaram tendências negativas. A partir do período Junho-Julho verificou-se uma queda abrupta no consumo destes produtos (PTV, telemóveis, câmaras digitais, portáteis e GPS), que são, ironicamente, dos que mais têm crescido em Portugal.
O mercado português de bens duráveis está, assim, com tendências negativas em 2008. Até Agosto, a queda estava situada nos 1,8 por cento em valor, mesmo assim, bem menor que a observada mesmo aqui ao lado, em Espanha, que chegou aos 7,5 por cento. Os crescimentos nos leitores de MP4 (19,3%), ecrãs planos (12%) e portáteis foram fundamentais para mitigar a descida no mercado português.
Contudo, como sublinhou Miguel Faias, basta andar apenas um mês mais no calendário para tudo mudar. Setembro foi um mês “negro” para Portugal, com o mercado a cair, só neste mês, 9,1 por cento, o que faz com que o acumulado desça para 2,7 por cento. Com apenas mais um mês de vendas, o decréscimo foi de mais um ponto percentual e Portugal registou, pela primeira vez durante todo o ano, um panorama pior que o de Espanha.